Tudo o que precisava de saber sobre o mundo do futebol

domingo, 22 de março de 2009

Figura da Semana: Walter

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Dados Pessoais
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Nome: Friedrich "Fritz" Walter
Data de Nascimento: 31 de Outubro de 1920
Data de Falecimento: 17 de Junho de 2002
Naturalidade: Kaiserslautern, Alemanha
Posição: Avançado / Médio-Centro
Altura: 1.74 cm
Peso: 73 kg
Internacionalizações A: 61 (33)
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Percurso Profissional
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1928-1937 : Fussball-Club Kaiserslautern (Juniores)
1937-1959 : Fussball-Club Kaiserslautern
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Palmarés
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Campeonato Alemão: 1951, 1953
Campeonato do Mundo de Futebol: 1954
4º Lugar do Campeonato do Mundo de Futebol: 1958
Capitão Honorário da Selecção Nacional da Alemanha: 1958
100 Melhores Jogadores do Século XX pela FIFA: 2000
Jogador de Ouro dos Últimos 50 Anos do Futebol Alemão: 2003
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História
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Friedrich "Fritz" Walter, nascido no dia 31 de Outubro de 1920, em Kaiserslautern foi, um dos grandes "monstros sagrados" do futebol mundial, bem como, o primeiro "Kaizer" de toda a história do futebol alemão. Fritz Walter começaria a sua carreira desportiva, de uma forma bastante precoce, com apenas 8 anos de idade, ingressando no clube da sua terra natal e da sua vida, o Kaiserslautern. Após algumas temporadas de grande sucesso, nas camadas jovens do clube alemão, Fritz Walter faria a sua estreia, com a camisola principal do Kaiserslautern em 1937, com apenas 17 anos de idade. Três anos depois, em 1940, Walter de apenas 20 anos, estreár-se-ia pela Selecção Nacional da Alemanha, em plena guerra, sob as ordens do técnico germânico Sepp Herberger, apontando frente à formação da Roménia, um espectacular hat-trick. Porém, com o início da Segunda Guerra Mundial em 1939, havia assuntos mais importantes, do que correr atrás de uma bola de futebol. Na época, não existia uma liga profissional na Alemanha. Disputavam-se várias competições regionais, que eram o único circuito competitivo, para as equipas profissionais. Uma das equipas era o Kaiserslautern, clube onde alinhava o talentoso e jovem promessa Fritz Walter. A sua carreira desportiva, viria a ser interrompida (praticamente dez anos), devido ao começo da já referida II Guerra Mundial. Fritz Walter serviria o seu país "nazista", enquanto pára-quedista, função onde seria feito prisioneiro de guerra. Durante o conflito e, antes da sua captura, Fritz Walter deixaria de servir a Selecção Nacional Alemã, para passar a representar a Guarda Nacional Alemã (Reich). Foram quase quatro longos anos, a saltar várias missões por toda uma decadente Europa. Na altura, o jovem de 24 anos de idade, teria uma média de esperança de vida a rondar os cinco anos. Contudo, após ter sido visto a disputar uma partida, entre a guarda alemã e a guarda húngara, um dos membros da última formação, diria que Fritz não era alemão, mas sim austríaco. A partir desse momento, a sua vida iria mudar radicalmente. Com o seu regresso consumado e, com o termino do conflito mundial, Fritz Walter nunca mais entraria numa avião. Porém, consigo traria a doença da malária, algo que não tiraria todo o brio da sua carreira. Infelizmente, com o seu afastamento do panorama futebolístico, Fritz Walter regressaria com o estatuto de veterano e não de jovem promessa do futebol mundial. O já "trintão" voltaria porém, com toda a força possível. Com a sua liderança e talento futebolístico, Fritz Walter ajudaria o Kaiserslautern a conquistar, os títulos de Campeão Nacional, nos anos de 1951 e de 1953, os únicos dois, dos primeiros 90 anos do clube germânico. Na altura da conquista, do primeiro título pelo Kaiserslautern, o "maestro alemão" voltaria a ser chamado pelo seleccionador nacional alemão Sepp Herberger, onde regressaria com a função de "capitão" de equipa. A Alemanha após a Segunda Guerra Mundial, era um país dividido (Alemanha Capitalista Ocidental e Alemanha Comunista Oriental), desolado e isolado. No futebol, a sua situação não seria diferente. A guerra terminara em meados de 1945, contudo, a FIFA só aceitaria a junção da Alemanha Ocidentel em 1950, depois do Campeonato do Mundo do mesmo ano, disputado no Brasil. À margem dos títulos regionais, conquistados com a camisola do Kaiserslautern, chegaria a enorme fama e prestígio, sobre a grande capacidade de liderança do "capitão" germânico. Em 1954, a "nova Alemanha" iria disputar o seu primeiro Campeonato do Mundo, disputado na Suíça, numa competição onde espantaria todo o planeta, ao vencer na final, a favorita Hungria, indiscutivelmente, a melhor equipa do mundo da época. Todavia, a estratégia germânica, para vencer os imbatíveis húngaros foi bastante engenhosa. As duas selecções encontrár-se-iam, pela primeira vez, na primeira fase, já com ambas equipas qualificadas para a próxima fase do torneio. Na altura do primeiro embate, o seleccionador alemão decidiria colocar em campo, uma equipa de reservas, demonstrando assim, sob o olhar do adversário, uma equipa frágil e fácil de vencer. O resultado não seria surpresa para ninguém. Os húngaros venceriam a partida contra os alemães, por uns claros 8-3. Porém, nessa mesma partida, o "carniceiro" Liebrich lesionaria a "estrela húngara" Puskas, que finalizaria o encontro, com um ar de enorme sacrifício. No entanto e, por ironia do destino, as duas equipas voltariam a encontrár-se na... final da competição. Nesse dia, tudo estava contra a formação alemã: falta de talento, de comunicação, um país sem tradição futebolística, que saiu destroçado da Segunda Guerra Mundial e, um Fritz Walter de 34 anos de idade, frente à melhor selecção do mundo, a Hungria, que na altura contava com nomes como József Bozsik, Zoltán Czibor, Sándor Kocsis, Nándor Hidegkuti e, sobretudo Ferenc Puskas, um dos melhores jogadores, de toda a história do futebol mundial que, jogaria algo limitiado, devido ao choque do último encontro, entre ambas as formações. No entanto, o seleccionador Sepp Herberger colocaria desta vez, os titulares em campo, com Walter a pautar, todos os movimentos da equipa. A tão falada falta de comunicação, por parte da formação alemã, foi sem dúvida, a grande arma dos germânicos, bem como, o funcionamento entre todos os membros da equipa alemã. Fritz Walter comandaria a sua equipa com uma mestria impressionante, derrotando nessa cruél final, os poderosos e favoritos húngaros, por uns batalhadissímos 3-2. Com essa vitória, o jogador de estrutura esguia, conquistaria o estatuto de herói nacional: Desde esse memorável dia, o futebol tornár-se-ia no desporto mais popular da Alemanha, despertando assim, a história de uma das maiores potências do mundo do futebol. Nessa equipa, que "chocaria" o mundo em 1954, encontrava-se também o seu irmão mais novo (quatro anos) Ottmar Walter, também ele, um destacado futebolista e, que jogaria ao lado de Fritz, durante várias temporadas, com as cores do Kaiserslautern. Em 1958, Fritz Walter, de 38 anos de idade, disputaria o seu segundo Campeonato do Mundo, desenvolvido na Suécia. Além do quarto lugar alcançado na prova, após ter sido derrotado, nas semi-finais, pela equipa da casa, Fritz Walter sofreria também, uma grave lesão que, acabaria com a sua carreira internacional e que, levaria ao seu retiramento do futebol mundial em 1959. No total, o antigo "capitão" germânico conquistaria umas espantosas 61 internacionalizações, tendo apontado uns magníficos 33 golos, tornando-se assim, num dos melhores marcadores, de toda a história da Selecção Nacional da Alemanha, bem como, um dos jogadores que mais vezes envergou a camisola germânica, em encontros oficiais. Após a sua retirado do futebol, Walter escreveria vários livros e artigos, sobre o futebol. No dia 17 de Junho de 2002, em Enkenbach-Alsenborn, Fritz Walter de 81 anos de idade, deixaria o mundo do futebol mais triste e negro, levando consigo, um enorme legado, que só seria alcançado décadas depois, com Uwe Seeler, Franz Beckenbauer, Lothar Mattaus e Bettina Wiegmann. Contudo, o seu grande sonho, nunca viria a ser realizado: assistir a um Campeonato do Mundo, disputado na sua terra natal, Kaiserslautern, visto que em 1974, a mesma não seria uma das escolhidas para o torneio. Falar de Fritz Walter é falar em dedicação, em lealdade. Um homem que apenas vestiu apenas uma cor, a do Kaiserslautern, durante mais de 20 anos. Ao serviço da formação alemã, o talentoso médio alemão, faria um total de 411 encontros oficiais, tendo apontado 380 golos no seu total. Uma marca impressionante, elevando-o a um patamar digno só dos melhores do mundo. Para a história, fica o homem, o "Kaizer", o "capitão", o líder que, reconquistou a auto-estima de toda uma nação. Para a história, fica Fritz Walter, o jogador que nasceu na época errada. Para a história, fica Fritz Walter, um dos grandes magos, que um dia a Grande Guerra decidiu afastar do mundo do futebol.
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