Tudo o que precisava de saber sobre o mundo do futebol

segunda-feira, 10 de maio de 2010

Máquina do Tempo: Bobby Moore

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Dados Pessoais
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Nome: Sir. Robert Frederick Chelsea "Bobby" Moore
Data de Nascimento: 12 de Abril de 1941
Data de Falecimento: 24 de Fevereiro de 1993
Naturalidade: Barking, Essex, Inglaterra
Posição: Defesa-Central / Libro
Altura: 1.78 cm
Peso: 72 kg
Internacionalizações A: 108 (2)
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Percurso Profissional
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1957-1958 : West Ham United Football Club (Camadas Jovens)
1958-1974 : West Ham United Football Club
1974-1976 : Fulham Football Club
1976-1976 : San Antonio Thunder
1976-1977 : Fulham Football Club
1978-1978 : Seattle Sounders
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Técnico Principal
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1979-1981 : Oxford City Football Club
1981-1982 : Eastern Athletic Association
1984-1986 : Southend United Football Club
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Palmarés
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Jogador do Ano do West Ham United: 1961, 1963, 1968, 1970
Presença no Campeonato do Mundo de Futebol: 1962, 1970
Liga Internacional de Futebol: 1963
Taça de Inglaterra: 1964
Supertaça de Inglaterra: 1964
Futebolista do Ano: 1964
Segundo Melhor Jogador do Ano do West Ham United: 1964, 1967, 1971
Taça das Taças: 1965
Finalista da Taça da Liga Inglesa: 1966
Campeonato do Mundo de Futebol: 1966
Personalidade do Ano da BBC: 1966
Bola de Prata: 1966
Melhor Jogador do Campeonato do Mundo de Futebol: 1966
Onze do Campeonato do Mundo de Futebol: 1966
Ordem do Império Britânico: 1967
Terceiro Lugar no Campeonato da Europa de Futebol: 1968
Finalista da Taça de Inglaterra: 1975
Finalista da Taça Anglo-Escocesa: 1975
Hong Kong Senior Shield: 1982
Finalista da Taça Hong Kong Viceroy: 1982
Equipa do Século XX FIFA: 1998
Corredor da Fama do Futebol Inglês: 2002
Prémios do Jubileu da UEFA: 2003
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Bobby Moore
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Robert Frederick Chelsea "Bobby" Moore, nascido em Barking, Essex, Inglaterra, no dia 12 de Abril de 1941, foi com toda a justiça desportiva e moral, um dos grandes símbolos do futebol mundial do Século XX, uma autêntica lenda viva do futebol. Ao serviço dos ingleses do West Ham United Football Club, Moore comandaria a formação londrina por mais de dez anos, entre os quais se tornaria capitão da mesma, bem como, da própria Selecção Nacional de Inglaterra, nação pela qual se sagraria campeão do mundo em 1966, num torneio disputado em solo britânico. No seu total, Bobby Moore conquistaria 108 internacionalizações pela principal selecção inglesa, uma magnífica marca que, até ao dia da sua retirada, seria considerada, um recorde de nível nacional. Esse mesmo recorde, acabaria por ser quebrado pelas "mãos" do mítico guarda-redes inglês Peter Shilton. No entanto, o seu recorde, permaneceria "intacto" no que diz respeito a jogadores de campo, durante mais algumas décadas, sendo apenas ultrapassado por David Beckham, em finais de 2009, altura em que o internacional inglês cumpriria a sua 109ª internacionalização.
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Primeiros Passos
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A introdução de Bobby Moore no mundo do futebol, começaria na Escola Primária de Barking, instituição onde faria parte da equipa escolar, que conquistaria a Taça Crisp, em anos consecutivos, sendo que na segunda ocasião, Moore já era o "dono" da braçadeira de capitão. Após deixar a primária de Barking, Moore tinha a esperança de se mudar para a Escola Técnica de South East Essex, juntamente com a maioria dos seus amigos de infância. Porém, o jovem "futebolista" acabaria por ir parar à Escola Tom Hood, em Leyton. Tal situação, criaria enormes dificuldades a Moore, pois dessa forma, teria que se levantar bastante cedo, bem como, regressar a altas horas da noite. Como consequência, Moore iria parar por diversas vezes à infermaria da sua escola. Devido a esse motivo, o seu director, escreveria uma nota, sugerindo a sua ida para uma instituição educacional, mais perto da sua residência. No dia seguinte, Moore iria ao gabinete do mesmo director, com uma nota dos médicos no seu bolso... mas, antes de poder dizer algo ao director, o mesmo, diria-lhe que fora seleccionado para representar a formação de distrito de Leyton, na categoria de Sub-13. A "tal" nota que se encontrava no seu bolso, nunca seria mostrada. Enquanto criança, Moore era considerado uma pessoa acima do seu peso. Como curiosidade, uma das suas primeiras alcunhas seria a de "tubby" Moore. Ele nunca seria considerado o melhor jogador a nível técnico... mas sim o semais forte. Com o passar dos anos, Moore destacár-se-ia nas categorias seguintes do distrito e, com a maioria dos seus companheiros, a assinarem contrato profissional por clubes locais, Moore via a sua vida de profissional muito longe da sua meta traçada. Seria então que Bobby Moore ao preparar-se para deixar a escola a título definitivo, escolhendo uma outra profissão para o seu futuro que, lhe diriam que um outro professor o tinha ido observar. O professor chamava-se Tom Russel, pessoa ligada a alguns membros da directiva do West Ham United. No encontro entre ambos, seria-lhe proposto algum treino na "academia" do clube londrino. Havia apenas uma única resposta, para tal proposta, com um Bobby Moore completamente eufórico, correndo de forma "louca" de forma a contar a boa nova aos seus pais. Em 1955, Ted Fenton, então técnico do West Ham, diria a Jack Turner para o observar no encontro entre as formações do Leyton e do East Ham. A partida acabaria empatada a três golos e... com Bobby Moore a rubricar uma exibição para esquecer. No relatório, seria descrito que Moore tinha imenso talento, muito trabalhador... mas nada de especial. No entanto, no encontro da segunda mão, Moore faria uma exibição brilhante, apontando inclusivé o tento que daria a passagem à sua equipa. Na altura, o treinamento das camadas jovens era da total responsabilidade de um ou de dois jogadores do plantel sénior, tais como Noel Cantwell e Malcolm Allison. A primeira impressão que ambos tiveram de Moore, seria unanime: muito talento...mas muito por aprender, muito bom ouvinte e um trabalhador sempre em busca da perfeição. Aos 16 anos de idade, Bobby diria aos seus pais, que pretendia permanecer nos estabelecimentos do West Ham. Ele acabaria por ser contratado por Ted Fenton, pela modesta quantia de 7 libras por semana, com a promessa de muitos jogos nas pernas, bem como, muita aprendizagem.
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Começo de Carreira
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Tendo crescido em Wedderburn Road, em Barking, Essex, na zona suburbana de Londres, Moore após terminar os seus estudos, bem como, a conclusão da sua formação profissional, tornár-se-ia jogador do West Ham United em meados de 1956. Porém, a sua estreia oficial apenas aconteceria dois anos mais tarde, no dia 8 de Setembro de 1958, frente à poderosa formação do Manchester United. Ao entrar em campo com a camisola número seis nas suas costas, Moore substituiria na altura, o seu grande mentor Malcolm Allison (um dos seus "padrinhos"), jogador que na altura sofria de tuberculose. Allison nunca mais disputaria uma única partida com as cores do West Ham, bem como, alguma partida a contar para o principal campeonato de Inglaterra, tendo Moore se tornado, num jogador regular entre o onze inicial. Um defesa-central moderno, admirado pela sua capacidade de leitura de jogo dentro das quatro linhas de jogo, bem como, pela sua capacidade de se antecipar face aos movimentos adversários, afastando-se assim, da imagem tradicional do central duro e agressivo nas disputas aéreas. Certamente, a capacidade de cabeceamento ou de posse de bola de Moore, fariam dele um dos melhores da sua geração, contudo, a forma como ele interpretava cada jogada , arrastando consigo todos os elementos da sua equipa, fariam dele um jogador de classe mundial. Devido a esse facto, Péle um dia diria que Moore, fora o defesa mais temível que alguma vez enfrentara em campo. Bobby Moore além da sua grande paixão... o futebol, também jogaria cricket, modalidade que disputaria com as cores do Essex, nos seus tempos de juventude, ao lado do seu companheiro de sempre... Geoff Hurst.
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Uma estrela inglesa... um campeão mundial
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Em 1960, Moore seria chamado para integrar o lote de convocados da selecção inglesa, da categoria de Sub-23. O seu impacto e forma física com as cores do West Ham, faria com que mais tarde fosse chamado ao escalão máximo da selecção inglesa, pelas mãos do então seleccionador nacional, Walter Winterbottom e, pela Associação de Futebol em 1962, numa forma de o integrar para a fase final do Campeonato do Mundo, no Chile. Na altura em que viajou para o território chileno, Moore ainda não havia conquistado uma única internacionalização, contudo, faria a sua estreia no dia 20 de Março de 1962, num encontro amigável, tendo em vista, uma última partida de preparação para o Mundial, numa partida em que os ingleses venceriam a formação peruana, em Lima, por uns claros 4-0. Nesse mesmo dia, também se estrearia com as cores da selecção, o defesa do Tottenham Hotspur, Maurice Norman. Ambos provariam estar mais do que aptos para o torneio mundial, de tal forma que, juntos fariam a dupla titular durante toda a fase final da competição, da qual acabaria a sua participação, aos pés dos vencedores da prova, o Brasil, nos quartos-de-final, em Viña del Mar. No dia 29 de Maio de 1962, o jovem Moore, de apenas 22 anos de idade, envergaria pela primeira vez a braçadeira de capitão, da selecção de Inglaterra, facto com apenas 12 internacionalizações, após a retirada de Johnny Haynes e, do afastamento por lesão de Jimmy Armfield. Moore seria o capitão mais jovem da história da selecção nacional inglesa. Nesse preciso encontro, os ingleses derrotariam a formação da Checoslováquia por 4-2. Armfield acabaria por retomar a sua posição de "capitão". Contudo, com a chegada de Alf Ramsey ao leme da selecção inglesa, Moore seria eleito definitivamente o capitão dos ingleses, numa altura em que os mesmos, se encontravam em fase de apuramento para o Campeonato da Europa de 1964, competição que os ingleses não conseguiriam alcançar. O ano de 1964, acabaria por ser um dos melhores anos de toda a carreira de Moore. Além de ter conquistado o estuto de capitão da selecção, o mesmo levantaria a Taça de Inglaterra, com as cores do West Ham, após derrotar na final de Wembley, o Preston North End por 3-2, com um golo no último minuto de Ronnie Boyce. A título pessoal, Moore também venceria uma arda luta contra o cancro, tendo sido posteriormente nomeado Jogador do Ano em Inglaterra. O sucesso obtido na Taça de Inglaterra acabaria por ser o primeiro de três finais de sucesso em Wembley. Em 1965, ele ergueria a Taça das Taças, ao eliminar na final, os germânicos do 1860 Munich por 2-0, com os tentos a serem obtidos por Alan Sealey. Por essa altura, ele era o jogador com mais internacionalizações, com 30 conquistadas e, à volta do qual, Ramsey estava a compor a formação que acabaria por conquistar o Campeonato do Mundo de 1966, competição disputada em território inglês. O Mundial de 1966, começaria de forma invulgar para Moore, contudo - ele apontaria o primeiro golo no empate a uma bola frente à Polónia . Nessa mesma fase da competição, Moore regressaria a Londres, para defrontar a formação do West Bromwich Albion, numa partida a contar, para as finais da Taça da Liga Inglesa (a última a ser disputada a duas mãos), onde os "Wolves" acabariam por ser os mais felizes, ao vencerem a prova com um total de 5-3. Para Moore, que apontara um dos tentos da sua equipa, na primeira mão, tendo Geoff Hurst e Martin Peters apontado os outros golos do West Ham, conquistando dessa forma, uma vantagem considerável face ao seu adversário. Moore apontaria o seu último golo, enquanto internacional, frente à formação da Noruega, num amigável , duas semanas antes do começo do Campeonato do Mundo.
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À conquista do mundo
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Em vésperas do seu maior triunfo, algumas notícias seriam expostas na imprensa em meados de 1966, em relação à sua suposta saída do West Ham, rumo ao ríval Tottenham. Moore teria permitido que o seu contrato findasse e, apenas com a intervenção de Sir. Alf Ramsey é que, Moore pôde disputar a fase final, após ter concluido a sua renovação, em termos verbais. Ramsey marcaria um encontro entre o técnico, Ron Greenwood e Moore, no hotel onde a comitiva inglesa se encontrava hospedada, com o intuito de intervir sobre os dois intervenientes, numa forma de resolver, entre ambos, as suas diferenças. Moore acabaria por ser o grande "capitão" da formação que traria à nação inglesa, a sua maior honra e glória, estabelecendo-se como um dos melhores do mundo, um verdadeiro cavalheiro e uma lenda do desporto. Com todos os encontros da selecção inglesa, a serem disputados em Wembley, a mesma passaria a fase de grupos com bastante tranquilidade, batendo posteriormente, a formação da Argentina, nos contorveros quartos-de-final, bem como, a formação portuguesa, do fantástico Eusébio, nas meias-finais, numa partida também ela marcada pela contorvérsia. A Alemanha Ocidentral seria a sua grande adversária, na mítica final de Wembley. Memoravelmente, de acordo com a autobiografia de Geoff Hurst, o lateral George Cohen teria ouvido Ramsey a dialogar com um dos seus adjuntos, sobre a possibilidade de afastar Moore da final, colocando no seu lugar, Norman Hunter, um jogador mais combativo. Contudo, tal não passaria de uma suposta conversa e, Moore entraria em campo, com a braçadeira de capitão no seu braço. Permanece um estranho cenário, com muitas interrogações sobre esse mesmo facto. Todavia, Moore se não se encontrava nas suas melhores condições psicológicas. No entanto, não estava a jogar mal, nem mesmo demonstrava distracção devido à sua renovação de contrato. A única possibilidade seria a dos germânicos, terem na altura avançados de extrema velocidade, capazes de expor algumas das fragilidades, na forma de actuar de Moore. Dessa forma, Hunter - que tinha a mesma idade que Moore e, apenas quatro internacionalizações - seria o parceiro ideal da defensiva ao lado de Jack Charlton. Na final, a formação inglesa entraria em campo praticamente a perder, devido a um golo madrugador de Helmut Haller. Porém, devido à imensa capacidade de interpretação de jogo de Moore, bem como, a sua rapidez de movimentos, faria com que os ingleses chegassem rapidamente à igualdade, após este ter sido travado em falta por Wolfgang Overath, no meio-campo germânico, colocando de pronto (tal como se sucedia no West Ham) para a área adversária, onde apareceria Hurst a cabecear para o empate. O "trio" do West Ham, no dia mais memorável da história do futebol inglês, ficaria ainda mais visível, após Peters apontar o segundo golo dos ingleses. Contudo, os alemães, frios e calculistas, conseguiriam chegar ao empate, no último minuto do encontro, através de Wolfgang Weber - com Moore, visivelmente irritado, com o árbitro da partida, devido a uma suposta mão na bola, por parte do autor do golo - levando as duas formações ao prolongamento. Ramsey estava convencido que o alemães se encontravam esgotados e, após Hurst ter apontado, muito provavelmente, o golo mais polémico de toda a história do futebol mundial, o encontro estava aparentemente resolvido. Com apenas alguns segundos por se jogar e, com os ingleses "encostados" à sua área, devido às constantes manobras ofensivas, por parte dos germânicos, a bola iria parar a Moore, na sua grande área. Alguns companheiros da defensiva, gritariam de pronto, para que este se livrasse da bola o mais rápido possível, porém, com bastante calma, Moore com um longo passe, de mais de 40 metros, encontraria os pés de Hurst que, muito embora, a sua primeira ideia fosse a de manter a posse de bola o mais tempo possível, a verdade é que o avançado inglês remataria, muito colocado, finalizando o marcador em 4-2, completando assim, o seu "hat-trick" na partida. Um feito histórico e único até aos dias de hoje (apontar três golos numa final de um Campeonato do Mundo). Não havia mais tempo... a Inglaterra era a nova campeã do mundo. Com várias imagens marcadas para sempre na história do desporto, uma delas será certamente, a de Moore, muito suavemente a limpar as suas mãos, replectas de lama, aos seus calções e camisola, antes de apertar a mão de Sua Majestade, a Rainha Elizabeth II, na altura da entrega da taça.
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Uma lenda chamada Bobby Moore
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Moore tornár-se-ia num verdadeiro ídolo, devido ao sucesso alcançado, com ele e mais dois dos seus companheiros do West Ham United, a marcarem toda uma época, no ano seguinte, em Inglaterra. Pelos seus feitos históricos, Moore seria premiado com o título de Personalidade do Ano da BBC Sports, prémio alcançado nos finais de 1966, tornando-se dessa forma, no primeiro futebolista a atingir tal feito, bem como, o único nos 24 anos seguintes. Ele seria igualmente condecorado, com a Ordem do Império Britânico, conseguindo atingir dessa forma uma outra proesa: ser premiado por duas vezes pela Rainha Isabel II, a primeira no Campeonato do Mundo e a outra com o título de Cavaleiro do Império Britânico. A sua imagem e popularidade, permitiria-lhe começar uma dezena de negócios, incluíndo lojas de desporto, perto de Upton Park, bem como, várias aparições junto da sua companheira, Tina e do casal Peters, em vários anúncios televisivos, para a industria do café, alertando na altura as pessoas, com o slogan: "Look in at the local". Ele continuaria a vestir a camisola do West Ham e da selecção inglesa, conquistando posteriormente a sua 50ª internacionalização, na vitória por 5-1, frente à formação do País de Gales, nos finais de 1966, números que duplicariam, com a qualificação para o Campeonato da Europa de 1968. A selecção inglesa chegaria às meias-finais com alguma facilidade (a competição na altura, era disputada por apenas quatros selecções), tendo perdido nas mesmas, frente à formação da Jugoslávia, em Florença, por 1-0. A formação inglesa, enquanto campeões do mundo, não teriam que se qualificar para o próximo mundial e Moore, continuaria a ser o primeiro nome da formação orientada por Ramsey, conquistando dessa forma, a sua 78ª internacionalização, numa altura em que viajava para a América do Sul, durante um curto período, numa forma de se ambientar à altitude, antes de disputar a fase final no México.
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Mundial das confusões
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O ano de 1970, seria de extrema satisfação e, ao mesmo tempo, de extrema "loucura" para Moore. Ele seria mais uma vez nomeado capitão para o Mundial de 1970, contudo, o mesmo seria acusado de ter roubado uma pulseira em Bogotá, Colômbia, durante o aquecimento da formação inglesa. Uma jovem assistente, terá acusado Moore, de este ter retirado uma pulseira de uma loja do hotel, sem que tenha pago o objecto em questão. Não havia qualquer dúvida, Moore encontrava-se na altura nessa mesma loja - ele teria estado no estabelecimento, na companhia de Bobby Charlton, devido a uma compra para a sua esposa (Charlton), Norma - porém, a acusação não ficaria provada. Moore seria preso e posteriormente libertado, tendo viajado momentos depois, com a comitiva inglesa, para defrontar a formação do Equador, em Quito. Ele jogaria nesse encontro, conquistando a sua 80ª internacionalização, numa partida onde os ingleses venceriam por 2-0, mas quando o avião aterrou em Bogotá, Moore seria novamente detido, ficando retido durante quatro dias numa delegacia local. Pressões diplomáticas, fariam com que Moore viajasse apenas dias depois, encontrando a formação inglesa já em solo mexicano. Moore lutaria contra a pressão e stress para com a sua pessoa, durante toda a campanha dos ingleses no Mundial. No seu segundo encontro, frente aos favoritos brasileiros, haveria um momento, que definiria toda a elegância de Moore no futebol, ao fazer um dos cortes mais brilhantes de toda a história do futebol mundial, ao grande avançado brasileiro Jairzinho... fazendo-o com tal precisão e limpeza que muitos, citariam esse mesmo corte, como sendo único e com Moore, o único capaz de o fazer de tal forma. Os brasileiros acabariam por vencer a partida por 1-0, porém, os ingleses conseguiriam apurar-se para a fase seguinte. No final dessa mesma partida, Moore trocaria de camisolas com Pelé. Esse mesma camisola encontra-se de momento, exposta num museu virtual chamado "Priory Collection". Derrotado pela formação da Alemanha Ocidental, os ingleses ficariam-se pelos oitavos-de-final e, seriam precisos doze anos, para que os ingleses conseguissem, um novo apuramento para uma fase final de um Campeonato do Mundo de Futebol - 1982.
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Os últimos anos no topo
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No dia 10 de Agosto de 1970, Moore receberia um telefonema anónimo, tendo em vista, o rapto da sua própria esposa, retendo-a por 10.000 libras. Este acontecimento faria com que ficasse fora dos relvados durante grande parte da pré-época, perdendo as partidas frente ao Bristol City e Bournemouth. Contudo, os seus serviços para com o West Ham seriam recompensados, com um encontro em sua homenagem, frente aos escoceses do Celtic, nos finais de 1970. Todavia, apesar de ele ser visto como um ídolo, a nível nacional e, uma importante influência no mundo do desporto, Moore não se livraria das suas habituais controvérsias. No dia 7 de Janeiro de 1971, ele e mais três elementos do West Ham - Jimmy Greaves, Brian Dear e Clyde Best - ficariam "encostados" pelo seu treinador, Greenwood, devido a se encontrarem a beber, num clube nocturno, até altas horas da madrugada, isto... em vésperas do encontro da terceira ronda da Taça de Inglaterra, frente ao Blackpool. O clube nocturno, em Blackpool, seria adquirido pelo seu amigo, o pugilista Brian London. O West Ham perderia o encontro por 4-0. O Blackpool encontrava-se na altura, no topo da Division One e, no final da mesma temporada... seriam relegados. Não era invulgar, a associação de bares ou bebida a Moore, porém, também é verdade que, muitas vezes, o mesmo seria visto em ginásios ou na pista em Upson Park, nos Domingos de manhã, trabalhando sobre o álcool, que consumira na noite antes. Moore atingiria um novo recorde de presenças com a camisola do West Ham em 1973, ao atingir a incrível marca de 509 encontros oficiais. Três dias antes, no dia dos namorados de 1973, ele conquistaria a sua 100ª internacionalização, pela selecção inglesa, na vitória expressiva por 5-0, sobre a Escócia, em Hampden Park. Por essa altura, apenas Peters e Alan Ball tinham "sobrevivido" ao Mundial de 1966 - muitos tinham-se retirado das provas internacionais ou "dispensados" por Ramsey, muito embora, a maior parte deles fossem mais novos que Moore. Mais tarde, nesse mesmo ano, Moore seria "exposto" defensivamente pela Polónia, nas eliminatórias de qualificação, para o Mundial de 1974, em Chorzów, colocando Peter Shilton fora do alcance da bola, pondo a equipa da casa na frente do marcador, tendo posteriormente apontado o segundo golo, através de Wlodzimierz Lubanski. As suas "deficiências" defensivas, seriam suficientes para que Ramsey o deixasse de fora do encontro de Wembley, encontro que a Inglaterra teria de vencer para se qualificar. Qualquer outro resultado, enviava directamente os polacos para o mundial. O facto de ter ficado de fora, deixaria Moore bastante apreensivo, em relação ao seu futuro, de tal forma, que chegaria a perguntar a Ramsey se tal facto, significava que os seus serviços já não seriam precisos, ao qual Ramsey responderia: "Claro que não. Eu preciso de ti como meu capitão, no Campeonato do Mundo do próximo ano". Tal nunca chegaria a acontecer, pois os ingleses não iriam além do empate a uma bola. Tal resultado afastaria definitivamente Ramsey do cargo de seleccionador nacional de Inglaterra - ele seria afastado seis meses mais tarde. Moore conquistaria a sua 108ª internacionalização, no encontro seguinte, na vitória por 1-0 no amigável frente à Itália, no dia 14 de Novembro de 1973. Moore tornár-se-ia assim, no jogador com mais internacionalizações pela selecção de Inglaterra, ultrapassando o lendário Bobby Charlton (105) e, igualando o recorde de 90 encontros com a braçadeira de capitão, então pertencente a Billy Wright. Peter Shilton e David Beckham acabariam por ultrapassar o seu recorde com o decorrer dos anos, contudo, o recorde de capitão permanece nas "suas" mãos até aos dias de hoje.
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Depois da glória
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Moore jogaria o seu último encontro com a camisola do West Ham United, no empate frente ao Hereford United, numa partida a contar para a Taça de Inglaterra, em Janeiro de 1974. No dia 14 de Março do mesmo ano, ele seria autorizado a deixar o clube, após mais de 15 anos, deixando para trás um recorde difícil de atingir (apenas ultrapassado por Billy Bonds). Ele acabaria por assinar contrato com os rivais de Londres, o Fulham, clube que se encontrava na Second Divison, pela quantia de 25.000 libras. Durante a sua primeira época, Moore chegaria a defrontar a sua antiga equipa, no empate na Taça da Liga Inglesa, tendo posteriormente, atingido a final da Taça de Inglaterra, onde por ironia do destino, teria como seu adversário... o West Ham United. O Fulham perderia esse encontro por 2-0, tendo Moore feito a sua última aparição em Wembley, enquanto jogador profissional de futebol. Moore disputaria o seu derradeiro encontro profissional em Inglaterra, com a camisola do Fulham, no dia 14 de Maio de 1977, frente à formação do Blackburn Rovers. Ele alinharia por duas equipas da Liga de Futebol da América do Norte, os San Antonio Thunder, em 1976 (24 encontros e um golo) e os Seattle Sounders em 1978 (sete encontros). Durante o ano de 1976, Moore faria a sua última aparição internacional... pela equipa dos Estados Unidos, nos encontros frente à Itália, Brasil e... Inglaterra, comandada por Gerry Francis. Os Saunders seriam a sua última equipa, enquanto profissional de futebol, muito embora tenha disputado nove partidas em 1978, na liga semi-profissional da Dinamarca, nomeadamente, pelos Herning Fremad, numa forma de promover o futebol dinamarquês ao estatuto de profissional.
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Após o futebol
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Moore terminaria a sua carreira profissional em 1978, tendo posteriormente, uma breve passagem pelas funções de técnico principal (sem sucesso) no Eastern AA, de Hong Kong, o Oxford City e o Southend United. Por este último, ele tornár-se-ia treinador principal em meados de 1984. Na sua primeira época no clube, a temporada de 1984/1985, o Southend por muito pouco não sentira o sabor da despromoção, muito devido, às graves crises económicas que o clube atravessava na altura. Contudo, o clube no seu devido tempo, foi crescendo e na época de 1985/1986, a formação do Southend começaria a temporada muito bem desportivamente, entrando na corrida pela promoção até ao Ano Novo, antes de terminar na nona posição. O seu sucessor, David Webb, conseguiria com as bases do passado, a tão desejada subida de divisão, na época seguinte. A sua vida após o futebol, seria de enorme dificuldade, com vários negócios a correrem bastante mal, bem como, o fim do seu casamento. Muitos considerariam a sua ida, enquanto colunista do jornal "Sunday Sport", uma forma muito baixa, para a pessoa que fora no passado. Alguns adeptos de Moore iriam mais longe, considerando que a própria Federação Inglesa deveria ter dado um cargo a Moore, o único inglês a comandar a selecção, que acabaria por vencer o Campeonato do Mundo. Moore juntár-se-ia então à estação de rádio "Capital Gold", enqunato analista desportivo, para o Mundial de 1990.
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A sua morte
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Em Abril de 1991, Moore seria operado de emergência, devido a um cancro no cólon, muito embora, tivesse sido reportado "uma emergente operação ao estômago". No dia 14 de Fevereiro de 1993, ele anunciaria que sofrera de um cancro nos intestinos. Três dias mais tarde, ele seria um dos convidados, para comentar o encontro, entre as selecções de Inglaterra e San Marino, em Wembley, ao lado do seu amigo Jonathan Pearce. Essa seria a sua última aparição pública. Sete dias mais tarde, no dia 24 de Fevereiro de 1993, Moore faleceria com apenas 51 anos de idade, vítima de doença prolongada. Ele seria o primeiro membro da formação campeã do mundo a falecer. Catorze anos mais tarde, seria a vez de Alan Ball deixar o mundo dos mortais. Também Sir. Alf Ramsey viria o "seu capitão" partir antes de si, facto que acabaria por acontecer seis anos mais tarde. O seu funeral, decorreria no dia 2 de Março de 1993, em Putney Vale Crematorium. No primeiro encontro do West Ham United, após a sua morte, no dia 6 de Março de 1993, frente ao Wolverhampton Wanderers, todo o campo seria revestido a flores, coroas ou objectos representativos em sua memória. Também Geoff Hurst e Martin Peters prestariam a sua devida homenagem, usando uma camisola com o seu número de sempre, o eterno "seis". Esse mesmo número, que mais tarde seria retirado das provas oficiais, pela direcção do West Ham, em memória dos anos que passara no clube londrino.
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O líder entre os líderes
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Bobby Moore fora um líder por natureza, transmitindo confiança apenas pelo seu olhar. As suas exibições, seriam sempre de grande nível, sem nunca demonstrar encontrar-se sob pressão. Na final do Campeonato do Mundo de 1966, com o relógio a encaminhar-se para o seu final e, com alguns segundos por se jogar no prolongamento, a bola iria parar aos pés de Moore, em plena grande área inglesa. O experiente defesa Jack Charlton, começaria a gritar de imediato para com ele, para que o mesmo se livrasse da bola, o mais rápido possível. Contudo, Moore com uma imensa calma personificada, olharia para a frente, e colocaria, num passe perfeito, de mais de quarenta metros, o esférico nos pés de Geoff Hurst, que correria de pronto, apontando posteriormente o seu terceiro golo na partida, completando assim o seu "hat-trick", que ficaria imortalizado na história do futebol mundial. Tal comportamento em momentos de imensa pressão, fariam com que Moore fosse considerado um jogador muito especial. Sir. Alf Ramsey e Ron Greenwood, dois dos treinadores mais talentosos do futebol inglês, teriam decisões concisas, construindo as suas formações em volta da liderança de Bobby Moore. Moore tornár-se-ia capitão da selecção de Inglaterra com apenas 22 anos de idade, o mais jovem de sempre a conquistar tal estatuto, liderando três anos mais tarde, o seu país ao título mundial. Desde muito cedo que Moore demonstraria a sua imensa capacidade de liderar toda uma equipa. Bobby Moore conquistaria o respeito de quem o defrontava, durante toda a sua carreira. Todos sabiam que ele iria jogar bem, e os seus companheiros apenas tentariam seguir o seu exemplo, dentro de campo. Quando Bobby representava a formação norte-americana dos San Antonio Thunder, o técnico da equipa americana seria na altura demitido, sendo o seu nome imediatamente associado à sua sucessão até ao final da época, facto que acabaria por acontecer com algum sucesso. Os futebolistas da actualidade poderão de facto, aprender imenso com Moore, na forma como um profissional se deve comportar, tanto fora como dentro dos relvados. Enquanto capitão da selecção e do West Ham United, Moore fora um herói para milhóes de crianças (e não só), facto que ele encarava com bastante seriedade. A sua paciência, para com os adeptos, com a maioria deles crianças, apenas à espera de um autógrafo do seu ídolo, tornár-se-ia lendária, permanecendo junto deles, até que todos ficassem satisfeitos. Actos de uma verdadeira lenda do futebol mundial. Actos de um líder. Numa altura, em que a selecção principal de Inglaterra está "orfã" de um verdadeito líder, a imagem e determinação de Moore deveria ser relembrada, pois só dessa forma se poderá encontrar o "grande pêndulo" da equipa. Pois só assim conseguiram ser campeões do Mundo. Em ano de Campeonato do Mundo e, passados 17 anos após a sua morte, Bobby Moore continua sem sucessor. Veremos se tanto Frank Lampard como Rio Ferdinand terão capacidade de honrar o eterno número seis da selecção inglesa... o "capitão" do Império Britânico.
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