Tudo o que precisava de saber sobre o mundo do futebol

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Máquina do Tempo: Friedenreich

_______________________________________________________________________________________
Dados Pessoais
_______________________________________________________________________________________
Nome: Arthur Friedenreich
Data de Nascimento: 18 de Julho de 1892
Data de Falecimento: 6 de Setembro de 1969
Naturalidade: São Paulo, Brasil
Posição: Avançado
Altura: 1.78 cm
Peso: 52 kg
Internacionalizações A: 23 (10)
_______________________________________________________________________________________
Percurso Profissional
_______________________________________________________________________________________
1909-1910 : Sport Clube Germânia
1910-1911 : Clube Atlético Ypiranga
1911-1912 : Sport Clube Germânia
1912-1913 : Associação Atlética Mackenzie College
1913-1914 : Sport Clube Americano
1913-1914 : Clube Atlético Paulista
1914-1915 : Clube de Futebol Atlas
1914-1915 : Clube Atlético Ypiranga
1915-1916 : Payssandu Futebol Clube
1916-1917 : Clube Athlético Paulistano
1917-1918 : Clube Atlético Ypiranga
1917-1918 : Clube de Regatas do Flamengo
1917-1929 : Clube Athlético Paulistano
1929-1930 : Sport Clube Internacional
1929-1930 : Clube Atlético Mineiro
1929-1930 : Clube Atlético Santista
1930-1931 : Santos Futebol Clube
1930-1933 : São Paulo Futebol Clube
1933-1934 : Dois de Julho da Bahia
1934-1935 : São Paulo Futebol Clube
1935-1936 : Santos Futebol Clube
1935-1936 : Clube de Regatas do Flamengo
_______________________________________________________________________________________
Palmarés
_______________________________________________________________________________________
Melhor Marcador do Campeonato: 1912, 1914, 1917, 1918, 1919, 1921, 1927, 1928, 1929
Presença no Campeonato Sul-Americano: 1916
Taça Rocca: 1914, 1922
Campeonato Paulista: 1918, 1919, 1921, 1926, 1927, 1929, 1931
Campeonato Sul-Americano: 1919, 1922
Finalista do Campeonato Sul-Americano: 1925
_______________________________________________________________________________________
Arthur Friedenreich
_______________________________________________________________________________________
Arthur Friedenreich, nascido em São Paulo, no dia 18 de Julho de 1892 foi, muito provavelmente, o maior goleador de todos os tempos, numa época em que o futebol era encarado, de uma forma amadora, algo que fez com que a maioria dos seus golos, não fossem comprovados com o decorrer dos anos. Nascido num pequeno bairro de São Paulo, Friedenreich filho de um comerciante alemão e, de uma lavadeira brasileira, de origem negra, cedo despertaria interesse pelo mundo do futebol. O seu primeiro remate seria numa "bexiga de boi", algo comum na época em questão. Friedenreich começaria a praticar futebol ainda adolescente, sempre em clubes regionais, sendo que nenhum deles ainda profissionalizados. Destacár-se-ia rapidamente pela sua imaginação, técnica, capacidade de improvisão e estilo de jogo, dentro das quatro linhas. Na altura, o futebol brasileiro ainda estava a dar os primeiros passos e Friedenreich, seria o "Rei" da época amadora, sendo considerado inclusivé, a grande estrela do futebol brasileiro, até ao aparecimento de Pelé, um dos melhores jogadores de todos os tempos e, o melhor do futebol brasileiro. Na ápoca, os diversos cronistas desportivos consideravam-no, um jogador de extrema inteligência dentro de campo, devido ao seu conhecimento profundo da prática do futebol. Na sua posição, a de avançado, Friedenreich introduziria novas técnicas altamente revolucionárias na altura, tais como: o drible curto, o remate de efeito e a finta de corpo. Teria um papel determinante no Campeonato Sul-Americano de 1919, actual Copa América, ao apontar o tento da vitória sobre os poderosos uruguaios, tendo sido decisivo para o resultado final, nessa mesma partida (1-0). Devido a esse facto, adeptos argentinos e uruguaios apelidaram-no de "El Tigre". Mais tarde, as suas chuteiras seriam expostas na montra de um loja de jóias raras, na cidade do Rio de Janeiro. Ao serviço do São Paulo, Friedenreich e os seus companheiros ficariam conhecidos por "Esquadrão de Aço", devido à sua enorme categoria e intensidade que impunham sobre os seus adversários. Um dos seus maiores feitos, aconteceria em 1928, ao apontar sete golos, num encontro apenas, batendo dessa forma, o recorde da época. Curioso seria o facto de, em 1932, Friedenreich se alistar na Revolução Constitucionalista, doando todos os seus troféus, medalhas e prémios, em benefício de uma causa nobre. Outro ponto relevante será o de, ter sido contra a profissionalização do futebol no Brasil, recusando dessa maneira, um novo contrato com o Flamengo, equipa que representava na altura. Abandonaria os relvados no dia 21 de Julho de 1935, aos 43 anos de idade. Após a sua retirada, Friedenreich passaria os seus dias, em estado de pobreza, até ao dia da sua morte, facto que aconteceria no dia 6 de Setembro de 1969, numa casa, cedida pelo São Paulo. Mesmo após a sua morte, o seu nome, bem como, os seus feitos, seriam alvo de imensa polémica, devido a um possível falso registo do número de golos apontados, fica ndo oficialmente registado de 55 golos em 562 partidas. Além disso, Friedenreich tem uma média de 0.98 golos por encontro, ultrapassando Pelé, que detém uma marca de 0.93 golos. Arthur foi sem dúvida, um grande avançado, o melhor da sua geração e um dos melhores de todos os tempos.
_______________________________________________________________________________________
Carreira de um verdadeiro goleador
_______________________________________________________________________________________
Ao cruzar-se um futebolista alemão e um brasileiro, o que teremos? Sem dúvida, Arthur Friedereich, o maior avançado que o mundo alguma vez pode assistir. Ele apontaria mais golos que o "Rei" Pelé, porém, devido a atitudes burocráticas, o total dos seus golos, nunca foram confirmados. Arthur Friedenreich nasceu no Verão de 1892, entre as ruas de Vitória e de Triunfo. Após o seu nascimento, num local com tanta simbologia, como poderia ele falhar? O seu pai, Oscar Friedenreich, um comerciante e homem de negócios, oriundo da Alemanha e, a sua mãe, Mathilde, uma lavadeira brasileira, de descedência negra, seriam fulcrais para toda uma carreira desportiva do jovem Arthur, pois na época, jogadores negros não tinham autorização para jogar ao lado, dos filhos de boas famílias, com títulos de doutores e, de origem branca. O futebol em si, continuava uma novidade, desde o seu aparecimento em território brasileiro em 1894, pelas mãos do estudante paulista Charles Miller, após uma década passada em Inglaterra. No seu início, tal prática seria realizada em ambientes fechados, mais propriamente, em clubes elegantes de São Paulo e do Rio de Janeiro, sobretudo, os que congregavam colonias estrangeiras. O futebol, no entanto, levaria o seu tempo, até que fosse considerado um dos desportos nacionais, mais praticados no Brasil. Clubes como o América, o Fluminense, o Rio Cricket, o Germânia, o Paulistano e o São Paulo Athletic, todos eles, participantes nos principais campeonatos das duas cidades, tinham nas suas fileiras, apenas atletas brancos, oriundos de classes sociais superiores. Friedenreich, devido ao seu pai, teria autorização para continuar o seu percurso no mundo do futebol. Porém, ele teria que alisar os seus cabelos encaracolados, com gomalina, uma espécie de brilhantina e de toalhas quentes, antes de qualquer encontro, levando horas até ao começo do jogo, numa forma de se mostrar nas maiores perfeições, numa forma de ser encarado como um branco. Todavia, este não seria o primeiro caso de jogadores, descendentes de negros, que cuidavam da sua imagem. Carlos Alberto, atleta do Fluminense, colocava pó de arroz, antes do apito inicial, numa forma de clarear a sua pele. Tendo sido criado num ambiente europeu, Arthur teria os seus contactos com o futebol, numa forma bastante precoce. A maioria dos brasileiros, eram demasiados pobres, para poderem jogar tal desporto, devido ao restrimento da maioria dos membros dos clubes. Contudo, em 1909, Friedenreich apareceria no livro dos recordes, ao alinhar com as cores do Germânia, equipa formada por imigrantes alemães, sempre na companhia do seu pai, que acompanharia a sua carreira desde o seu início. Com pouco menos de 17 anos de idade, Friedenreich ganharia diversos admiradores devido ao seu estilo, capacidades individuais, força, capacidade de drible e técnica apurada. Não demoraria muito tempo, para que o jovem prodigio "alemão", fosse um alvo de muitos dos clubes. Durante as quatro seguintes épocas, Friedenreich alinharia em quatro equipas diferentes (Germânia por duas ocasiões, o Ypiranga e o Mackenzie), progredindo em cada um deles, até que em 1912, o avançado brasileiro se converteu, no melhor marcador do campeonato paulista, com 16 golos apontados, Tal feito, seria repetido novamente em 1914, 1917, 1918, 1919, 1921, 1927 e 1929. Ninguém conseguiu igualar tais números ao longo de 17 anos, nem mesmo Pelé. Mas não seria apenas o fabuloso progresso de Friedenreich, enquanto goleador, que o marcaria como um jogador especial. Ele seria abençoado, com maravilhosas capacidades perante o jogo. Apesar da estrutura física, supostamente frágil (1.78 cm e 52 kg), ele seria apelidado de "El Tigre", pelos inúmeros adeptos e futebolistas uruguaios e argentinos, devido à sua atitude e raça durante o tempo de jogo. As suas primeiras descrições, devido à sua forma de actuar nos relvados seria de "dançarino mulato de olhos verdes", pois as suas capacidades de drible, eram tão boas que, mais pareciam uma coreografia. Após o Campeonato Sul-Americano de 1919, Friedenreich viveria numa autentica euforia, aos olhos dos seus adeptos, como se tratasse de uma febre que se espalhara. O seu clube, o Paulistano, seria convidado para inúmeros amigáveis por toda a América Latina, pois, todos queriam ver de perto, o tal jogador mulato que fazia tantos golos. Em 1927, dezoito anos após a sua estreia como jogador, o nome de Friedenreich seria ouvido por toda a Europa, fazendo com que o Paulistano, fosse o primeiro clube brasileiro, a participar em torneios fora do Brasil. Muito embora, ele tenha apontado 11 golos em 8 jogos e, fosse considerado pela maioria da imprensa como, "O Rei do Futebol", as diversas lesões, devido a um futebol "primitivo" e duro, efectuadas durante a sua longa carreira, começaria a avistar-se. Nesse ponto da sua carreira, Friedenreich era um dos homens mais famosos do Brasil, facto que faria com que não pudesse sair de casa, como uma pessoa normal. Os 35 anos de idade que o seu corpo cansado carregava, bem como, as forças que começavam a faltar, fariam com que sua intensidade nos relvados começasse a desvanecer-se. Com os efeitos raciais, cometidos no Campeonato Sul-Americano de 1921, Friedenreich teria de se contentar com a sua vida enquanto celebridade. Muito embora, ele se tratasse, provavelmente, do jogador mais famoso do mundo, ele não faria caso de tal. O futebol brasileiro seria jogado como amador até 1933. Jogadores como Friedenreich faria pouco ou nenhum dinheiro com as partidas oficiais, tendo que participar em amigáveis (muitos), para conseguir ganhar dinheiro. Durante os seus 26 anos de carreira, Friedenreich apontou nada mais nada menos do que 1329 golos, ao serviço de diversos clubes como o Germânia, o Ypiranga, o Americano, o Paulistano e o São Paulo, entre outros. Na formação "tricolor", Arthur formaria com Nestor, Clodô, Bartô, Mílton, Bino, Fábio, Luizinho, Siriri, Araken e Junqueirinha, uma extraordinária equipa, que ficaria conhecida como "Esquadrão de Aço", que se consagraria campeã em 1931. Extremamente inteligente, Friedenreich talvez tenha sido o jogador mais objectivo e, um dos mais corajosos da sua época. Parecia conhecer todos os segredos do futebol e, sabia quando e como iria apontar um golo. Foi, sem dúvida, um dos maiores avançados que o Brasil já teve. Em 1925, voltaria da Europa, como um dos "melhores do mundo", depois de vencer, com as cores do Paulistano, nove dos dez encontros disputados. Em 1929, apontaria sete golos numa única partida, frente à formação do União da Lapa, batendo o recorde da época. Friedenreich participaria ainda, na decisão do Campeonato Brasileiro em 1931, num encontro disputado entre paulistas e cariocas. Em 1925, Friedenreich faria parte da equipa do Paulistano que brilharia na Europa, devido às suas nove vitórias em dez encontros disputados. Os jogadores do Paulistano seriam apelidados então de "Le Rois du Football" (Os Reis do Futebol) pela imprensa europeia. Com a extinção do futebol no paulistano, Friedenreich seria um dos percursores do São Paulo da Floresta. O avançado brasileiro encontrava-se já com 37 anos de idade, porém, os anos não pareciam pesar num jogador talentoso como ele o foi. Representaria o São Paulo de 1930 a 1934, onde conquistaria o título paulista em 1931, o primeiro da história do clube. Friedenreich atingiu marcas impressionantes, como no Campeonato Paulista de 1932, ao apontar 32 golos em 26 encontros. Nos anos de 1930 e 1931, a formação "tricolor" disputaria 52 partidas, pelo campeonato paulista. Friedenreich participaria em todas elas como titular, apontando durante esses dois anos... 57 golos. Disputou 81 partidas pelo São Paulo. Apontou ao todo 663 golos com a camisola paulista, obtendo uma média de 0.814 golos por jogo, feito que o consagraria como o maior goleador são-paulino de todos os tempos. A sua última partida, com a camisola "tricolor" aconteceria no dia 2 de Setembro de 1934, quando o São Paulo, venceu o Palestra por 1-0, com um golo seu, aos 18 minutos da segunda parte. Encerraria a sua carreira no Flamengo, em 1935, aos 34 anos de idade.
_______________________________________________________________________________________
Selecção Nacional
_______________________________________________________________________________________
Friedenreich faria sua esreia, pela Selecção Nacional do Brasil em 1914, frente à formação do Paulistano! Essa partida, entraria na história do desporto, por dois motivos: em primeiro lugar, seria o primeiro encontro de Arthur Friedenreich ao serviço da "canarinha" e, também pelo facto, de se tratar do primeiro encontro internacional do Brasil. Friedenreich foi sem dúvida, a primeira super-estrela do futebol brasileiro, talvez do mundo. O avançado brasileiro foi, definitivamente o primeiro jogador que, personificaria, tudo aquilo que todos esperavam quando, a sua vinda para o futebol brasileiro. Nesse mesmo ano, o avançado brasileiro, conquistaria o seu primeiro troféu, com a camisola "canarinha", ao vencer em Setembro de 1914, a poderosa formação argentina, em Buenos Aires, por uma bola a zero, na final da Taça Rocca, numa competição amigável, realizada para melhorar as relações diplomáticas entre Brasil e Argentina. Tal acontecimento, seria repetido em 1922, frente ao mesmo adversário, con tudo, num palco diferente (São Paulo) e com os brasileiros a vencerem desta vez por 2-1. Com uma participação em 1916, no Campeonato Sul-Americano algo inexplicável, em 1919, o avançado apontaria o golo da vitória, frente aos poderoso uruguaios, que mais tarde se sagrariam campeões do mundo em 1930, na final do Campeonato Sul-Americano, actual Copa América, num encontro em que a formação brasileira venceria por 1-0. Nessa altura, o futebol era dominado pelos industriais britânicos e, pelas suas tácticas, supostamente superiores, com o futebol de longo passe, a ser o grande destaque das mesmas. Friedenreich seria então, o grande pioneiro do "jogo bonito", bem como, a grande mudança de táctica, do estilo britânico para o estilo brasileiro que, mais tarde, acabaria por dominar todo o panorama mundial, através dos pés de Pelé. Tais mudanças nos dias de hoje, poderão parecer meramente comuns, porém, em 1919, esse estilo táctico seria idêntico ao de se praticar futebol na Lua. O Campeonato Sul-Americano conquistado em 1919, foi provavelmente, o grande auge da carreira de Friedenreich, tendo sido considerado inclusivé, o melhor jogador da prova, bem como, o grande goleador da mesma. Em 1921, Friedenreich estava no limite dos seus poderes e, muitos acreditavam que se tratava do melhor jogador do mundo. Contudo, no Campeonato Sul-Americano seguinte, que seria conquistado pela formação argentina, um país de maioria raça branca. Porém, a grande "bomba" seria lançada antes do início do torneio, ao ser anunciado que apenas jogadores de origem branca, poderiam participar na competição. Preocupado, com o facto de jogadores negros, pudessem trazer uma enorme humilhação a nível nacional, o Presidente do Brasil, na altura Epitácio Pessoa, decretaria que apenas jogadores brancos, poderiam participar nesse mesmo torneio. Tristemente, Friedenreich ficaria de fora da equipa e da competição. Tal episódio, teria um enorme impacto na mente do jogador, bem como, do próprio futebol brasileiro. Porém, no ano seguinte, Friedenreich teria a sua vingança, perante tal injustiça, ao conquistar o seu segundo Campeonato Sul-Americano, derrotando na final, a formação do Paraguai por 3-0. Contudo, Friedenreich sofreria mais uma injustiça na sua carreira, após uma atitude sem qualquer fundamento, por parte do Presidente da Liga Paulista, Elpídio de Paiva Azevedo, que decidiria que nenhum jogador paulista, poderia participar no Campeonato do Mundo de 1930, disputado no Uruguai. Dessa forma, "El Tigre", terminaria a carreira, sem sentir o perfume de um palco mundial. A sua última partida internacional, aconteceria no dia 23 de Fevereiro de 1935, frente à formação do River Plate, no qual o Brasil venceria por 2-1. No seu todo, Friedenreich faria 23 encontros oficiais pela selecção "canarinha", apontando 10 golos. Já na selecção de veteranos, em 1935, Friedenreich disputaria dois encontros, onde apontaria dois golos.
_______________________________________________________________________________________
A morte de um puro génio
_______________________________________________________________________________________
Friedenreich era sem dúvida, um avançado de incrível elasticidade, possuidor de um excelente passe, muito inteligente e objectivo. Foi certamente, o primeiro ídolo do futebol brasileiro. Há quem jure que foi melhor que Pelé e, que teria feito mais golos que o "Rei", com a incrível marca de 1329 golos em 26 anos de carreira. Tais marcas tornaram-se num dos maiores mistérios do mundo do futebol, devido ao facto, de não existirem provas para os comprovar, muito embora, haja relatos do contrário. Apenas o seu pai, Oscar, e o seu melhor amigo e ex-companheiro de equipa Mario de Andrade, sabiam da verdade. Ambos em conjunto, compilaram os registos dos golos apontados por Friedenreich durante toda a sua carreira. Contudo, tais registos, desapareceriam misteriosamente, supostamente numa lixeira municipal, após a morte de Andrade, em meados dos anos 60. Na altura em que os jornalistas viram que tinham uma grande história entre mãos, vários, foram os que começariam a pesquisar a carreira de Arthur. Ele era a única pessoa viva que, poderia esclarecer tais dados, tendo os jornalistas desistido da pesquisa. Na altura, eles descobriram que ele não conseguiria responder a qualquer pergunta. Ele passava repetidamente as suas mãos pelos seus já desaparecidos cabelos cheios de brilhantina. Ele responderia às questões com palavras vagas, os olhos verdes sem vida voltados para um ponto indefinido. Sofrendo há algum tempo da doença de Alzheimer, Friedenreich faleceria no dia 6 de Setembro de 1969, completamente na miséria, vivendo numa casa cedida pela direcção do São Paulo, no bairro de Pinheiros, devido ao seu passado no clube, esquecendo pelo caminho o seu nome e o seu enorme passado e, o mais importante... os seus golos. Independentemente do número de golos marcados, não há como negar que Friedenreich foi, o maior goleador e jogador do futebol brasileiro, antes do aparecimento de Pelé, no mundo do futebol. Ele não era propriamente uma pessoa poupada, esperando pela grande depressão nacional. Ele era conhecido, pelas suas mais de 120 suites, bem como, de beber a cerveja mais cara do mercado e a importação de Brandy francês. Além dos vícios referidos, Arthur era ainda, uma presença assídua no panorama nocturno no Rio de Janeiro. Imagem idêntica ao do seu sucessor Garrincha. Quem o viu jogar sustenta, que Friedenreich foi melhor ou tão bom quanto Pelé. Na verdade, trata-se de uma comparação difícil, pois o futebol que se praticava na primeira metade do século, era muito diferente do praticado no tempo de Pelé. Porém, em números, a FIFA iguala-os... ou quase. Um craque maior que Pelé? Mais distinto do que Alfredo Di Stefano? Mais boemio do que Helenio? Do grande Friedenreich diz-se tudo isso e muito mais. Com as suas façanhas, começa uma nova série: as lendas e mistérios do futebol brasileiro.
_______________________________________________________________________________________

Sem comentários: