Tudo o que precisava de saber sobre o mundo do futebol

segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Estrelas do Momento: Gerndt

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Dados Pessoais
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Nome: Alexander Clas Robin Gerndt
Data de Nascimento: 14 de Julho de 1986
Naturalidade: Visby, Gotland, Suécia
Posição : Avançado / Extremo
Altura: 1.85 cm
Peso: 77 kg
Internacionalizações A: 0
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Percurso Profissional
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2007-2008 : Allmanna Idrottsklubben
2008-2009 : Idrottsklubben Sirius (E)
2008-2010 : Gefle Idrottsforening
2010-2011 : Helsingborg IF
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Palmarés
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Melhor Marcador do Campeonato: 2010
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Alexander Gerndt, nascido no dia 14 de Julho de 1986, em Visby, na ilha de Gotland, Suécia, é neste momento, uma das principais referências, do campeonato sueco, nomeadamente, ao serviço do Helsingborg IF. Enquanto avançado, Gerndt é conhecido no seu país, pela sua qualidade de passe, atitude colectiva e, pelas suas qualidades técnicas em espaços reduzido. Alexander Gerndt começaria a dar os primeiros passos no mundo do futebol, no clube local, da ilha de Gotland, o Visby IF Gute. Referenciado, como uma das principais "estrelas" das camadas jovens do clube sueco, Gerndt não demoraria a encontrar o seu espaço no plantel principal. Graças ao seu talento precoce, muitos seriam os clube de renome sueco, a tentar o seu concurso para a próxima época desportiva. No dia 3 de Novembro de 2006, o avançado de apenas 20 anos de idade, assinaria contrato com o AIK. No entanto, os seus primeiros tempos, não seriam de grande memória para o jogador em questão: apenas cinco encontros e nenhum golo. Sem lugar no onze inicial, Gerndt seria emprestado ao Sirius, equipa da segunda divisão sueca. Com apenas seis golos apontados, em catorze encontros oficiais, o jovem avançado faria o suficiente para regressar aos principais palcos nacionais, assinando contrato com o Gefle IF. Tal como acontecera no AIK, a veia goleadora de Gerndt demoraria a aparecer, ficando inclusivé, em branco no ano de 2008. No ano seguinte, as coisas correriam um pouco melhor, em termos individuais: 26 encontros (em 30 possíveis, sendo 14 como titular) e três golos apontados. Todavia, em 2010, Alexander Gerndt começaria finalmente a dar nas vistas, apontando 8 golos em 14 encontros, com a camisola principal do Gefle IF. Por essa altura, o seu nome seria constantemente associado, aos holandeses do SC Heerenveen, no entanto, seria o Helsingborg a conseguir os seus préstimos, em Julho do mesmo ano. A cumprir a sua primeira época no Helsingborg, Gerndt não poderia desejar mais para a sua carreira, além de ter sido eleito o melhor marcador do campeonato, com 20 golos apontados, em 25 partidas, o avançado conta esta temporada com dois hat-tricks (apontados ao Djurgarden e ao seu antigo clube, o Gefle) e três "bis". Muito embora, não tenha conseguido alcançar o tão desejado título nacional, Gerndt conseguiria ajudar a sua equipa, a conquistar o segundo posto do campeonato, a apenas dois pontos do campeão, Malmo. Devido aos seus golos nesta presente temporada, o seu nome tem sido alvo de diversas agendas, de diversos clubes europeus: Everton, Blackburn Rovers, Twente e o próprio AIK. Sem dúvida, um nome a ter em conta para o futuro.
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segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Onze do Mês

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Onze do Mês de Abril
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Helton (Futebol Clube do Porto)
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A realizar uma das suas melhores épocas desportivas, desde a sua estreia com a camisola "azul e branca", do Futebol Clube do Porto, o guarda-redes, internacional brasileiro, tem vindo a crescer de forma, nesta ponta final do campeonato português. Muito embora, o Futebol Clube do Porto esteja longe dos seus melhores resultados, o experiente guardião, tem conseguido angariar pontos a seu favor, bem como, da sua equipa. Um natural líder dentro de campo, Helton tem feito de tudo, para que a sua equipa não caia na tabela classificativa. Com o avançado Hulk de volta ao onze incial, tem sido graças a ambos, a clara melhoria da equipa. Longe do título nacional, Helton encara como positiva a presente temporada, dizendo que será importante para o futuro da equipa, enquanto colectivo. Com a mais que evidente, saída do actual capitão de equipa, Bruno Alves, o guarda-redes "canarinho" será sem dúvida, um dos candidatos a envergar a mítica braçadeira do Futebol Clube do Porto.
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Rúben Amorim (Sport Lisboa e Benfica)
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A verdadeira sombra do seu companheiro de equipa, Maximiliano Pereira. Enquanto médio, Rúben Amorim brilha pelo seu posicionamento, visão de jogo e qualidade de passe. Todavia, nas funções de lateral-direito e, na ausência do lateral internacional uruguaio, o "lateral" adaptado tem conseguido preencher o lugar nas melhores das perfeições, sem falhas e sem falta de rotina. Rúben Amorim trata-se de um jogador regular, que prima pelo seu perfeccionismo dentro de campo, um claro falso lento, contudo sempre no ritmo de cada encontro e, sempre apto para as diversas dificuldades, que cada adversário lhe poderá oferecer. Um dos melhores jogadores portugueses, a actuar no nosso campeonato nacional.
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Moisés (Sporting de Braga)
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Se existe jogadores fundamentais numa equipa, Moisés será certamente um deles. Graças à sua experiência, posicionamente e capacidade (natural) de liderança, dentro das quatro linhas de jogo, o Sporting de Braga tem conseguido manter o espantoso segundo lugar, da tabela classificativa. Além de ser um dado sustentável, o central "canarinho" é com toda a certeza, um dos pilares do jovem técnico português, Domingos Paciência... seja dentro, ou fora de campo.
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David Luíz (Sport Lisboa e Benfica)
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Claramente, no caminho dos melhores que já passaram pela zona central, da defensiva "encarnada". Desde a saída do central paraguaio, Carlos Gamarra, nunca mais o Benfica teve um talento com a capacidade do mesmo, no eixo da defesa. Com David Luíz e o já "experiente" Luisão, o central de apenas 22 anos de idade, tem conseguido deter "mil e um avançados", criando pilares para o futuro da sua equipa. Exclamando um lugar no do futebol internacional. Sendo um dos jogadores mais bem cotados, do plantel orientado pelo técnico português Jorge Jesus, o jovem central, não tem sentido, nem demonstrando fragilidades, em relação a uma possível saída do clube da Luz, na próxima temporada futebolística. Muitos serão certamente, os "tubarões", encantados com os mais que evidentes qualidades de David Luíz, dispostos a desenbolsar os 50 milhões de euros, pedidos e referenciados na sua clausula de rescisão. Uma autêntica força da natureza, David Luíz é sem dúvida, uma mais valia para o campeonato português e um claro sinal, da capacidade do Benfica, em relação ao mercado internacional.
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Fábio Coentrão (Sport Lisboa e Benfica)
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Não existe mais palavras, para descrever tal afirmação no futebol nacional e mesmo internacional. Com Jorge Jesus no leme, o agora lateral-esquerdo português, tem dado cartas no futebol português, criando sucessivamente lances de perigo para os seus adversários. Através do seu talento e velocidade, o Benfica conquistou assim, uma mais valia para a sua equipa, bem como para a própria selecção nacional. Sem dúvida, o melhor lateral-esquerdo a actuar no campeonato nacional. Uma autêntica seta apontada à baliza contrária. Com o excentrico internacional argentino Di Maria, na sua frente, o "defesa" lusa, tem feito as delicias do público benfiquista, fazendo com o mesmo, uma das melhores duplas a actuar no futebol internacional.
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Pedro Mendes (Sporting Clube de Portugal)
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Após várias temporadas, a actuar no campeonato inglês e escocês, Pedro Mendes conseguiu pegar de estaca no onze inicial do Sporting Clube de Portugal. Pedra essencial no esquema táctico de Carlos Carvalhal, o experiente médio-defensivo, tem conseguido manter a tranquilidade, no "vendaval" que é o actual meio-campo leonino. Embora a equipa de Alvalade, não esteja a atravessar um bom momento desportivo, Pedro Mendes tem sido uma das boas surpresas do campeonato.
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Weldon (Sport Lisboa e Benfica)
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Chegou ao Benfica, de Jorge Jesus, como mais um avançado a manter no plantel principal. Chegou ao Benfica como o jogador mais barato do plantel. Chegou ao Benfica, após uma breve passagem pelo Belenenses (também orientado pelo técnico "encarnado"). Chegou ao Benfica para garantir pontos. Esse tem sido aliás, o grande cartaz de presença de Weldon... pontos. Não sendo um dos jogadores mais utilizados por Jorge Jesus, a verdade é que, sempre que tem sido chamado... Weldon não tem desperdiçado... alcançando pontos importantes para a sua equipa e... golos. Não é um dos jogadores mais mediaticos do campeonato, nem um dos mais dotados técnicamente. No entanto, Weldon é sem dúvida, um dos elementos mais interessantes do plantel "encarnado".
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Pablo Aimar (Sport Lisboa e Benfica)
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Mesmo em final de carreira "europeia", o médio criativo argentino, é sem dúvida, um dos grandes talentos do futebol português. Um jogador diferente que, sempre que toca no esférico... algo de mágico acontece. Aparece a magia, que por vezes escaça em aparecer nos palcos nacionais. Sem a velocidade de outros tempos, Pablo Aimar viu em Saviola, seu antigo companheiro no River Plate, um autêntico pêndulo, explorando de toda a sua confiança no avançado argentino, tirando o máximo proveito, conquistando cada vez mais o público, por vezes feroz... do Benfica. Efectado pelas diversas lesões musculares, desde a sua chegada à Luz, Aimar tem tido nesta temporada, um claro afastamento nesse respectivo departamento. Longe das lesões... Aimar aparece... a equipa mexe... o Benfica ganha.
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Óscar Cardozo (Sport Lisboa e Benfica)
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Não um "grande" avançado. Não é o mais rápido. Não é o mais inteligente. Contudo, Óscar Cardozo é o melhor a executar em Portugal. A cumprir a sua terceira época ao serviço do Benfica, o avançado internacional paraguaio, tem ultrapassado recordes na presente temporada. Depois de ter conquistado um lugar nos 15 mais, da tabela de goleadores da história do Benfica, Cardozo conseguiu alcançar um número, conservado há mais de duas décadas, através do avançado sueco Matts Magnusson. O avançado paraguaio é neste momento, o melhor marcador estrangeiro, de toda a história do Benfica. A próximo objectivo passará agora pelo título de rei dos golos em Portugal, título que foge ao Benfica, desde 1990, com Rui Águas, como principal protagonista. Não é um grande avançado... mas certamente, é um espantoso ponta-de-lança.
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Falcão (Futebol Clube do Porto)
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O avançado colombiano, é certamente um dos jogadores do campeonato. Um jogador completamente diferente de Cardozo (Benfica) e de Lisando Lopez (ex-Futebol Clube do Porto). Radamel Falcão é um verdadeiro jogador de área. Remata (bem) com ambos os pés, cabeceia em alturas impensáveis, para um jogador da sua estatura e, cria lances de perigo como ninguém. Falcão desde o início do campeonato, tem sido uma tremenda dor de cabeça para os seus adversários, bem como, para o próprio Cardozo, sendo uma sua sombra, difícil de desaparecer. Com o título fora de alcance, a equipa do Futebol Clube do Porto, não quererá certamente, Falcão fora do topo da tabela de goleadores do campeonato português. Um dos melhores.
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Di Maria (Sport Lisboa e Benfica)
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Numa única temporada apenas, Jorge Jesus conseguiu o impensável... transformar Di Maria num jogador espantoso, imprevisível... talentoso e num autêntico perigo para as defensivas contrárias. Dono de uma velocidade estonteante, Di Maria certamente estará a ditar as suas últimas cartadas no futebol português, rumo ao topo do mercado internacional. Após magníficas actuações com a camisola do Benfica, o internacional argentino será um autêntico alvo, não a "abater", mas a comprar, pelos diversos "tubarões" europeus, famintos por exibir o talento de Di Maria, na próxima temporada. Enquanto nada disso acontece, os adeptos portugueses, nomeadamente os benfiquistas, poderão deliciar-se mais umas semanas com o imprevisível futebol do extremo argentino Angel Di "Magia".
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segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Máquina do Tempo: Vítor Baptista

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Dados Pessoais
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Nome: Vítor Manual Ferreira Baptista
Data de Nascimento: 18 de Outubro de 1948
Data de Falecimento: 1 de Janeiro de 1999
Naturalidade: São Julião, Setúbal, Portugal
Posição: Avançado
Altura: 1.78 cm
Peso: 76 kg
Internacionalizações A: 11 (2)
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Percurso Profissional
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1966-1971 : Vitória Futebol Clube
1971-1978 : Sport Lisboa e Benfica
1978-1979 : Vitória Futebol Clube
1979-1980 : Boavista Futebol Clube
1980-1981 : San Jose Earthquakes
1980-1981 : Amora Futebol Clube
1981-1982 : Clube Desportivo de Montijo
1982-1983 : União Futebol Comércio e Indústria de Tomar
1983-1984 : Monte Caparica Atlético Clube
1984-1986 : Estrelas Faralhão Futebol Clube
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Palmarés
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Taça de Portugal: 1967, 1972
Finalista da Taça de Ribeiro dos Reis: 1967
Finalista da Taça de Portugal: 1968, 1974, 1975
Taça de Ribeiro dos Reis: 1969, 1970
Pequena Taça do Mundo de Clubes: 1970
Campeonato Nacional Português: 1972, 1973, 1975, 1976, 1977
Troféu de Badajoz: 1973
Troféu de Salamanca: 1973
Troféu do Vinho do Porto: 1973
Vice-Campeonato Nacional Português: 1974, 1978
Troféu de Los Angeles: 1975
Troféu de Belo Horizonte: 1975
Troféu de Braga: 1977
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Vítor Baptista
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Como em todos os países, houve enormes estrelas no panorama futebolístico, lendários pelos seus golos, pelos seus passes ou mesmo, pelos seus dribles. Contudo, existiram outros tantos, inscritos para sempre no mundo do futebol, pela sua rebeldia estonteante, como foi os casos de George Best, Eric Cantoná, Diego Maradona e, claro está, o português Vítor Baptista. Nascido em Setúbal, a 18 de Outubro de 1948, a vida do mesmo, não foi nada fácil nos seus inícios. Oriundo de uma família de classe operária e pescatória, Vítor Baptista precocemente, teria que começar os seus primeiros passos no mundo do trabalho arduo, primeiramente enquanto electricista e, mais tarde, como ajudante de merceneiro, com vista a ajudar nas despesas de casa. No entanto, existia dentro de si, uma magia, uma rebeldia prestes a "explodir" dentro das quatro linhas de jogo. Assim o foi. Pelas mãos do mítico José Maria Pedroto, o jovem de apenas 13 anos de idade, começaria a dar nas vistas nos relvados portugueses. Ciente da sua enorme qualidade, tanto Pedroto como a própria direcção do Vitória de Setúbal fariam de tudo, para que o jovem talento permanecesse o máximo tempo possível com as cores sadinas. Com a camisola principal do Vitória, Vítor Baptista espalharia a sua magia por todos os campos nacionais, sendo na altura, o jogador mais cobiçado no mercado português. O Sporting Clube de Portugal, chegaria mesmo a ter um género de pré-acordo com o jogador, mas seria o Benfica que conseguiria os seus serviços, num negócio que ficaria histórico na altura, cedendo inclusivé, uma das suas lendas de sempre... José Torres. No Benfica, o avançado português alcançaria a fama, o dinheiro e os vícios. Os seus momentos de encanto eram cada vez menos frequentes, algo que faria com que o clube da Luz, dispensasse os seus préstimos, sete anos após a sua memorável aquisição. Com a sua dependência para com as drogas cada vez mais acentuada, Vítor Baptista afundár-se-ia num túnel sem "luz" à vista. Regressaria ao clube que o vira nascer, porém, sem o charme de outros tempos. O então recordado "rebelde do sado" representaria ainda equipas como o Boavista, os norte-americanos San Jose Earthquakes e ainda, os "amadores" do Amora, o Montijo, o União de Tomar, o Monte Caparica e por fim... o Estrelas Faralhão, onde praticamente jogaria para comer. Quem o viu jogar, ou mesmo quem alinhou ao seu lado ou, foi seu adversário, não tem dúvidas... foi o melhor que alguma vez se viu dentro de um campo de futebol. Um génio, um artista... uma brisa que rapidamente passou. Vítor Baptista passaria os seus últimos anos de vida, numa completa miséria social, acabando por falecer no dia 1 de Janeiro de 1999, com apenas 50 anos de idade. O seu nome permanecerá para sempre na história do futebol português. Para muitos, devido à sua magia, pela sua técnica. Para outros, graças à sua rebeldia dentro e fora de campo... mas na generalidade... Vítor Baptista será sempre... "o rapaz do brinco".
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Primeiros anos
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Vítor Manuel Ferreira Baptista, nascido no dia 18 de Outubro de 1948, em São Julião, em Setúbal, foi sem dúvida, um dos maiores símbolos da dourada geração de ouro dos anos sessenta e setenta. Certamente, o mais rebelde de todos os grandes nomes que pisaram os palcos nacionais. Filho de um pescador, e vendedor de peixe da lota, na praça de Setúbal, a infância de Vítor Baptista não foi propriamente um conto de fadas. Porém, desde cedo, o jovem "sadino" demonstraria a sua rebeldia fora dos campos. Com apenas dez anos de idade, o ainda precoce Vítor Baptista ganharia os seus primeiros dinheiros, a cumprir recados de prostitutas locais, bem como, apanhando moedas que os "camones" lançavam para a água da nascente. Um eterno "apaixonado" pelo talento de Eusébio, Vítor Baptista começaria a lançar o seu nome para o mundo do futebol, através de um torneio de futebol de salão, com apenas 15 anos de idade. Torneio esse, onde seria eleito o segundo melhor marcador da prova, ficando apenas atrás de um jovem chamado... Quinito. Nessa altura, muitos eram os olheiros que se "estendiam" pelo mundo fora, em busca de um novo Eusébio, Coluna, Torres, Águas... entre outros. Nessa competição, alguns membros da prosperação juvenil do Vitória de Setúbal ficariam completamente estonteados com o talento do jovem Vítor, muito embora, não ficassem convencidos da sua durabilidade no mundo do futebol. Dessa forma, o seu nome não seria um dos escolhidos. Devido a tamanha injustiça, Vítor Baptista insistiria em querer representar um grande de Portugal. Seria dessa forma que Emídio Graça, irmão do lendário "magriço" Jaime Graça, antiga glória do Vitória de Setúbal e Benfica, conseguiria dar mais uma chance ao jovem talento nacional.
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Início da aventura
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Já plenamente integrado nas camadas jovens do Vitória de Setúbal, Vítor Baptista iria aí, adquirir aptidões fora do comum, para um jogador da sua idade. Com apenas 18 anos de idade, o então seleccionador nacional... José Maria Pedroto chamaria-o à selecção nacional de juniores. Seria a sua estreia enquanto internacional. Também no ano de 1967, Vítor Baptista faria a sua estreia com a camisola principal do Vitória, frente à formação do Leixões, num encontro a contar para a Taça de Portugal. Estava assim lançada, mais uma peça na curta e memorável história de Vítor Baptista. Não sendo ainda um jogador profissional, Vítor Baptista seria pago através de refeições grátis na Pensão Vitória. Com o clube do sul, a atravessar uma enorme crise tanto a nível financeira como em termos humanos (talentos), o mesmo, viria no jovem Vítor uma autêntica "mina de ouro", prestes a expandir a nível nacional, sendo inclusivé diariamente referenciado como possível reforços dos dois colossos de Lisboa. Os dirigentes do Vitória, não teriam outra alternativa senão, garantir-lhe um contrato profissional, com um bom encaixe mensal (cerca de dois contos e quinhentos por mês). Devido à sua qualidade técnica, bem como, a sua aptidão no que diz respeito a golos, Vítor Baptista avançaria no terreno de jogo, actuando na posição de avançado. Nessa mesma posição, o jovem talento português, apontaria 33 golos em apenas duas temporadas. Era sem dúvida, o grande momento de Vítor Baptista. O jogador mais cobiçado no mercado português, com o seu passe a ser avaliado em cerca de 6 mil contos (uma autêntica fortuna para a época).
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A nova pérola nacional
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Sendo já uma das grandes certezas do futebol português, o talento de Vítor Baptista era seguido atentamente por diversos clubes de dimensão superior ao Vitória de Setúbal. Contudo, o mesmo não sairia do Bonfim sem um título conquistado: a Taça de Portugal, num encontro vibrante, frente à Académica de Coimbra. Sob o comando do histórico Pedroto, muitos foram os adversários que ficariam plantados no relvado, face aos seus diabólicos dribles. Dado como certo num dos clubes da segunda circular, Vítor Baptista chegaria a comprometer-se verbalmente, com o Sporting Clube de Portugal. No entanto, o nome de Eusébio, Nené, Jordão, Artur Jorge, Toni, José Torres, entre outros chamaria mais alto. Surgem então notícias, referentes a conversações entre Sporting e Vítor Baptista... isso bastaria para que os "encarnados" perdessem completamente a cabeça.
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O rapaz do brinco
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Sem qualquer problema face à gigantesca concorrência directa (Eusébio, Artur Jorge, Nené e Jordão), Vítor Baptista seria apresentado no dia 19 de Julho de 1971, sob o olhar atento da comunicação social, perante a nova jóia da Luz. Todavia, para que o avançado português trajasse de encarnado, o Benfica teria que pagar uma autêntica fortuna, pelos seus serviços: três mil contos, mais os passes de José Torres (uma das lendas vivas do Benfica), Matine e Praia, dois jovens promissores, além de mais 750 contos de luvas, por três temporadas e, um salário mensal de oito contos. Vítor Baptista tinha chegado ao topo do futebol português. E que melhor estreia... senão com um golo, apontado frente ao seu antigo clube... o Vitória de Setúbal. O avançado português era assim... quando queria... marcava. Todavia e, muito embora, o seu futebol fosse alvo de uma enorme controversia (para muitos uma lenda... para outros, mais um bom jogador, com algum talento), a verdade é que Vítor Baptista não aproveitou toda a fama desportiva que um dia lhe caiu em cima. Não aproveitou, o facto de ser considerado, um dos maiores talentos nacionais e uma verdadeira inspiração para os mais novos. Tal como o perfume... com o tempo o encanto acaba por desaparecer. Os números não enganam. Com a camisola principal do Benfica, o avançado português apontaria 62 golos em 150 encontros, a contar para o principal campeonato português, num total de sete épocas. Contudo, Vítor Baptista teria uma despedida digna do seu nome... talento e controversia. No dia 12 de Fevereiro de 1978, frente ao seu eterno rival, o Sporting Clube de Portugal, os "encarnados", necessitavam de uma vitória para que continuassem na luta pelo título (posteriormente conquistado pelo Futebol Clube do Porto). Com a partida empatada a zero e, com a mesma sem grandes ocasiões de golo... a bola chegaria a Vítor Baptista. O esférico chegaria-lhe pelo ar... parou o mesmo de peito, à entrada da grande área e, com um enorme remate... digno dos melhores de sempre, Vítor Baptista daria os pontos da vitória aos "encarnados". Porém, o melhor estaria por acontecer. Sem festejar, o avançado português apercebeu-se da perda de um dos seus brincos. Vítor Baptista nem quis saber de mais nada. Completamente irritado com tamanha perda, "obrigaria" quase todos os intervenientes do jogo, a procurarem milimetricamente o seu brinco. O valor em si, era superior ao prémio de jogo. Sob a risada de todo um estadio, replecto de adeptos benfiquistas e sportinguistas, Vítor Baptista interromperia a partida, durante quase quinze minutos. O brinco nunca mais seria encontrada e, Vítor Baptista não quis saber mais da partida, nem no que estava em causa. Vítor Baptista terminaria assim, a sua ligação ao Benfica, da pior maneira possível... no entanto, deixando um claro estado de nostalgia.
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Da glória à decadência desportiva
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Sempre muito contorverso, Vítor Baptista colocaria os seus técnicos em plenos estados de nervos. Tanto ao serviço do Benfica, como na própria selecção, o avançado português primaria pela sua indisciplina. Mas apesar de tanta confusão interna... o povo adorava Vítor Baptista. Adorva a sua forma de jogar, a sua magia... as suas loucuras. Vítor Baptista vestiria de vermelho durante sete temporadas, conquistando cinco campeonatos nacionais e uma Taça de Portugal. Na sua última época ao serviço dos "encarnados", Vítor Baptista "estalaria todo o verniz" em sua volta, considerando que o melhor futebolista português, merecia ganhar mais, recusando dessa forma, um novo vínculo, caso não cedessem às suas exigências. Assim era Vítor Baptista, sempre ao volante do seu Jaguar 4.2 (uma autêntica relíquia na altura), que custara 150 contos a um milionário. Todavia, Vítor Baptista, apesar da sua incontestação face ao seu (alto) salário, alinharia mais uma temporada ao serviço do Benfica, uma das suas melhores de sempre, bem como, a sua última na grande ribalta futebolística. Afirmando a toda a hora, ser um dos mais mal pagos do plantel e, refilão como ninguém, o avançado português colocaria de parte todos esses defeitos, com a sua magia e classe dentro de campo, conquistando dessa forma, a simpatia dos adeptos e, dos próprios companheiros e adversários. No entanto, Vítor Baptista colocaria o seu nome no topo, afirmando-se o "Maior" de todos. Na época de 1977/1978, o avançado sairia pela porta pequena da Luz, exigindo 650 contos mensais ao clube. O mesmo faria um último esforço, garantindo ao jogador 450 contos mensais, mais um Porsche Carrera. O mesmo recusaria tal proposta, aceitando regressar ao sado, por 100 contos mensais. Já no Boavista, clube pelo qual assinaria contrato em 1979, sob a direcção de Valentim Loureiro, a sua magia não mais voltaria a ser encontrada (a não ser na vitória por 1-2, em pleno Estádio da Luz), entrando inclusivé, em discordia com a direcção na altura. Viajaria então, rumo aos Estados Unidos, onde iria representar o San Jose Earthquakes, ao lado de colossos mundiais como George Best e Johan Neeskens. Após a sua saída do Bessa, Vítor Baptista alinharia por formações de escalões inferiores como o Amora, o Montijo, o União de Tomar, o Monte Caparica e, por fim, nos amadores do Estrelas Faralhão, clube da distrital setubalense, onde praticamente jogava para comer e alimentar o seu vício da droga. A vida de Vítor Baptista passou claramente da ribalta para a fossa social. Sem dinheiro, perdido e sozinho, o antigo jogador acabaria por falecer no dia 1 de Janeiro de 1999, completamente na miséria (esteve inclusivé preso, por tentativa de furto) e esquecido por toda uma sociedade, que em tempos o aplaudia de pé, face à sua magia e irreverência.
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"Fúria espanhola" à portuguesa
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Toda a carreira de Vítor Baptista fora vivida de forma bastante intensa e, com sucessivos casos caricatos, sempre contra ao seu crescimento no mundo do futebol. Para descrever os comportamentos da antiga glória nacional, só referindo alguns dos inúmeros casos que o rodearam toda a sua vida desportiva. Um dia, prenderia um cão ao poste de uma baliza, mesmo antes de mais um dos treinos matinais da formação benfiquista, com companheiros, direcção técnica e alguns apoiantes completamente de boca aberta, face a tamanha atitude. Já ninguém ligava aos seus feitos. Um outro episódio, num encontro de carácter europeu, em Moscovo, Vítor Baptista apareceria em calças de ganga, no aeroporto da Portela, enquanto os restantes colegas "benfiquistas" levavam os respectivos fatos. Pediram-lhe para mudar de roupa, algo que recusaria de pronto. Mesmo assim, lá embarcou junto dos seus companheiros, contudo, recusaria-se a jogar nessa mesma partida, pois queixava-se de constantes dores no peito, enquanto corria. Nessa altura, Vítor Baptista diria ao então técnico benfiquista, Martimore, que apenas jogaria , se o clube da Luz lhe pagasse o ordenado na totalidade, em caso de lesão prolongada. A direcção do Benfica recusaria tal afronta e, Vítor Baptista nem sequer se sentaria no banco de suplentes. Mesmo com tais comportamentos, o jogador livrár-se-ia de uma penosa suspensão, devido à directa intervenção do capitão Toni e de Humberto Coelho, dois dos seus melhores amigos. Antes de se mudar para a Luz, ao serviço do Vitória de Setúbal, Vítor Baptista viveria uma tarde para mais tarde recordar, em pleno Estádio das Antas. No intervalo do encontro, frente ao Futebol Clube do Porto, o técnico sadino, José Maria Pedroto, acenderia um cigarro, com um isqueiro de ouro, o mesmo que Vítor Baptista em tempos cobiçaria. O treinador propôs-lhe então um acordo: marcar dois golos em troca do isqueiro. Vítor Baptista aceitaria o desafio e no final da partida, o mesmo apontaria ... dois golos, sendo que no segundo tento, correria para o banco, reivindicando o seu justo prémio. Outra das grandes referências do comportamento de Vítor Baptista, seria na altura em que se mudaria para o Benfica, permanecendo no entanto em Setúbal. Compraria um Jaguar e, nos primeiros tempos, contrataria um motorista para o conduzir aos treinos. Vítor Baptista ficaria ainda marcado, pelo caso "Chipre": o jogador chegaria atrasado a um dos treinos da selecção nacional. Após uma justificável chamada de atenção, por parte do técnico Juca, Vítor Baptista insultaria o mesmo, chamando de "malucos" os seus companheiros. Nunca mais representaria a principal selecção de Portugal.
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Um verdadeiro ícone
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Vítor Baptista, claramente um autêntico fenómeno no futebol português, primeiramente por alimentar a esperança, de uma estrela de renome mundial, algo que nunca iria confirmar, depois, pela sua afirmação ao mais alto nível competitivo, tanto ao serviço do Vitória de Setúbal como do Benfica, culminada pela sua posterior degradação social, levando-o ao caminho da podridão, da droga e delinquência. Vítor Baptista foi sem dúvida, o "maior", para o bem e para o mal. Vítor Baptista foi campeão, ganhou uma autêntica fortuna no futebol português, alcançou a fama...chegou ao topo. Contudo, sem que se saiba muito bem porquê, como e onde, o mesmo caminharia em passos largos e profundos, em direcção ao inferno, para nunca mais voltar, deixando o seu corpo e mente cheios de vícios e dependências. Todavia, Vítor Baptista será eternamente recordado como "um menino grande", onde para ele, tudo na vida não passaria de uma enorme brincadeira... mais uma partida. Tinha um coração de ouro, fruto de uma enorme inocência ou vítima de uma profunda esquisofrenia. Vítor Baptista, seguramente, o mais controverso jogador do universo benfiquista e nacional. Tal como acontecera com Vítor, também o holandês Drenthe (ao serviço do Real Madrid) passaria por uma situação semelhante, ao que acontecera no mítico Benfica vs. Sporting, onde o avançado português perderia um dos seus brincos, enquanto apontava um dos seus mais recordados golos de sempre. O brinco de Drenthe até poderá ser mais valioso, o Real Madrid mais mediático e, o campeonato espanhol mais competitivo, mas uma coisa é certa, o saudoso Vítor Baptista, é que sabia fazer as coisas em grande... até perder brincos!
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Últimos suspiros de uma carreira quase... brilhante
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O mítico "rapaz do brinco", como ficaria imortalizado, faleceria aos 50 anos de idade, devido a um acidente vascular cerebral. A sua morte, seria confirmada pelo director do Hospital Distrital de Setúbal, pelas 11:20 da manhã, do primeiro de Janeiro de 1999, após ter entrado nas vésperas de Ano Novo, em pleno estado de coma. Vítor Baptista, sem dúvida, um dos jogadores mais polémicos de toda a história do futebol português... talvez pela sua forte personalidade, pela sua rebeldia... seria sepultado no dia seguinte, no cemitério de Algeruz, na sua terra natal, Setúbal. Muitos foram os adeptos da sua magia, que fizeram questão de estarem presentes no seu último adeus. Por ser uma das lendas do futebol português, todos os encontros da primeira divisão, começariam com um minuto de silêncio, em sua nobre homenagem. Vítor Baptista faleceria, dua décadas após a sua saída do Benfica, como um dos melhores de sempre do futebol mundial, com um futuro brilhante pela sua frente, porém, completamente eliminado devido ao excessivo consumo de drogas, um vício que adquiriria no decorrer da sua carreira desportiva. Depois da glória internacional, os seus últimos anos de vida, seriam passados em profunda pobreza, alimentando os seus vícios, através de um trabalho como coveiro, num cemitério de Setúbal, conquistando a fama de marginal, devido às suas inúmeras "corridas" ao mundo do crime, caminhos que fariam com que Vítor Baptista passasse alguns meses na cadeia, onde pelo meio... tentaria sair de tais teis degradantes, contudo... bem amarradas ao seu tecido humano.
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