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segunda-feira, 12 de abril de 2010

Por onde anda... Calado

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Dados Pessoais
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Nome: José António Calado da Silva
Data de Nascimento: 1 de Março de 1974
Naturalidade: Lisboa, Portugal
Altura: 1.79 cm
Peso: 78 kg
Posição: Médio
Clube: Athlitiki Enosi Paphos
Internacionalizações A: 4 (0)
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Percurso Profissional
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1991-1992 : Casa Pia Atlético Clube
1992-1995 : Clube de Futebol Estrela da Amadora
1995-2001 : Sport Lisboa e Benfica
2001-2003 : Real Bétis Balompié
2003-2007 : Club Polideportivo Ejido
2007-2008 : Athlitikos Podosfairikos Omilos Pegeias Kinuras
2008-2010 : Athlitiki Enosi Paphos
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Palmarés
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Campeonato Nacional da II Divisão de Honra: 1993
Vice-Campeonato Nacional Português: 1996, 1998
Taça de Portugal: 1996
Presença nos Jogos Olímpicos de Verão de Atlanta: 1996
Finalista da Supertaça Cândido de Oliveira: 1996
Finalista da Taça de Portugal: 1997
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José António Calado da Silva, nascido no dia 1 de Março de 1974, em Lisboa, foi sem dúvida, uma das figuras mais comentadas no mundo do futebol, no início do Século XXI, muito embora, por motivos bastante negativos para o jogador em questão. José Calado começaria a sua carreira desportiva em 1991, com as cores do Casa Pia, clube das divisões inferiores da Liga Portuguesa de Futebol. Com apenas 17 anos de idade, era tido como uma das grandes promessas do futebol jovem em Portugal. Após uma boa primeira época enquanto sénior, Calado assinaria contrato com um dos míticos do futebol nacional, o Estrela da Amadora, clube onde faria a sua estreia no segundo escalão do futebol português (Divisão de Honra), pelas mãos de João Alves, um dos melhores jogadores portugueses de todos os tempos. Com as cores do Estrela, Calado depressa conseguiria impor o seu estilo de jogo, bastante técnico e, ao mesmo tempo, combativo e "guerreiro", fazendo na altura com Jordão, uma das melhores duplas de meio-campo do futebol nacional. Titular indiscutível na sua primeira época na Reboleira, Calado conseguiria conquistar o título de campeão nacional da Segunda Divisão de Honra, alcançando a tão desejada subida de divisão para a temporada seguinte. Recém-estrado no escalão máximo do futebol português, Calado seria sem dúvida, uma das grandes revelações da temporada de 1993/1994. Aos 19 anos de idade, o jovem médio português, despertaria a cobiça de alguns dos melhores clubes de Portugal, entre eles o Benfica, o Sporting, o Sporting de Braga e o Boavista. Devido às suas boas exibições com as cores do Estrela. Calado seria um dos grandes responsáveis pelo sétimo lugar alcançado nessa mesma temporada. Na época seguinte, já sob o comando de Fernando Santos, o Estrela da Amadora não conseguiria repetir o mesmo resultado da época transacta, terminando o campeonato na 15ª posição da tabela classificativa. Porém, mesmo com uma péssima classificação, a mesma seria suficiente para que em Julho de 1995, José Calado assinasse contrato com um dos maiores clubes da Europa e, o grande clube de Portugal, o Sport Lisboa e Benfica. Se ao serviço do Estrela da Amadora, Calado conseguiu afirmar-se como um dos titulares da equipa da Reboleira, tanto na era de João Alves como na de Fernando Santos, já com o emblema da águia ao peito, o médio português conseguiria igualar esse mesmo feito. Muito embora, não tivesse alcançado o título de campeão nacional, José Calado seria uma das peças fundamentais para o segundo lugar alcançado no campeonato, bem como, pela conquista da Taça de Portugal, frente ao seu rival de sempre, o Sporting Clube de Portugal, num encontro onde os "encarnados" foram claramente superiores aos "leões" de Alvalade, terminando o encontro num merecido 3-1 a favor do Benfica, tendo como grande herói da partida, o "capitão" João Vieira Pinto, autor de dois dos três golos dos "encarnados" (Mauro Airés apontaria o outro tento do Benfica). Todavia, a conquista da Taça de Portugal em 1996, não ficaria na memória dos adeptos portugueses pelos melhores motivos. Nessa mesma tarde, a meio do encontro, um dos muitos adeptos do Sporting, sairia do Jamor sem vida, vítima de um claro acto de vandalismo de alguns dos supostos adeptos "encarnados" (nunca ficou provado o clubismo dos autores desse acto terrorista). Após uma temporada de enorme positividade, por parte do médio português, Calado teria a sua recompensa, no Verão de 1996, ao ser chamado para representar a Selecção Olímpica de Portugal, para os Jogos Olímpicos de Verão de Atlanta, nos Estados Unidos. Embora a selecção portuguesa não tenha alcançado o título (seria muito difícil), Calado seria claramente um dos jogadores mais influentes, pela boa campanha de Portugal nas olimpiadas de 1996. Dessa forma o médio de apenas 22 anos de idade, colocaria o seu nome na montra internacional de futebol. A década de noventa ficaria também marcada, pelos inúmeros jogadores que sairiam e entrariam pelos lados da Luz. Com a saída de Paulo Autuori no final da temporada, Manuel José assumiria o comando técnico dos "encarnados" para a temporada de 1996/1997. Calado por essa altura, era já um dos indiscutíveis do plantel do Benfica, no entanto, com as entradas de Tiago e do brasileiro Amaral, o médio português teria que reencontrar novamente o seu espaço no onze inicial, actuando dessa forma, como lateral-direito. Mais uma vez, o Benfica não conseguiria alcançar o título nacional, tendo terminado o campeonato em terceiro lugar, atrás dos seus rivais directos, o Futebol Clube do Porto e o Sporting Clube de Portugal. No entanto e, pela segunda vez consecutiva, os "encarnados" atingiriam a final do Jamor, defrontando desta vez, o poderoso Boavista de Mário Reis, técnico que na altura dispunha de jogadores de enorme valia técnica e táctica, tais como Nuno Gomes, Jimmy Hasselbaink, Litos, Pedro Emanuel, Tavares, Timofte, Tulipa, Jorge Couto, Sanchez, Martelinho, Rui Bento, Bobó, Paulo Sousa, Alfredo, Nelo, Hélder, Latapy, Simic e o jovem guarda-redes Ricardo. Embora o Benfica tivesse dominado grande parte do encontro, a verdade é que os "axedrezados" conseguiriam "roubar" o título aos favoritos de Lisboa por 3-2, numa partida, onde a dupla atacante, formada por Nuno Gomes e Jimmy Floyd Hasselbaink foram claramente os "reis" da tarde do Jamor. O Benfica encontrava-se dessa forma, num ciclo de derrotas, que lhe custariam o claro domínio no futebol português, vendo assim, o Futebol Clube do Porto tomar partido dessa sua "doença futebolistica", caindo num verdadeiro abismo desportivo, sem saída possível. Mesmo assim, Calado continuaria a ser um dos melhores do Benfica dos anos noventa, algo que lhe valeria uma chamada à selecção principal de Portugal, pelas mãos do técnico português António Oliveira, numa partida frente à formação do Canadá. Embora só tivesse conquistado quatro internacionalizações em toda a sua carreira desportiva, a verdade é que Calado demonstrou sempre que tinha valor suficiente para representar a selecção das quinas ao mais alto nível internacional. Com a entrada do escocês e lendário jogador do Liverpool Graeme Souness no Verão de 1997, o Benfica conseguiria formar um plantel capaz de conquistar ou pelo menos lutar contra a superioridade do Futebol Clube do Porto nas últimas temporadas. Entre Calado, existiam grandes jogadores que prometiam uma época para mais tarde recordar: Michel Preud´Homme, Carlos Gamarra, Bruno Basto, Karel Poborsky, Amaral, Hugo Leal, Paulo Nunes, João Vieira Pinto, Nuno Gomes, Gaston Taument, Erwin Sanchez, Paulo Madeira, Tiago e, um desconhecido na altura e, que não conseguiria impor-se no plantel da Luz... de seu nome Deco!!! Embora tivesse um bom plantel, os "encarnados" não conseguiriam mais do que o segundo lugar no campeonato, bem como, as meias-finais da Taça de Portugal (seriam eliminados pelo Sporting de Braga por 2-1). A temporada de 1998/1999 traria uma nova esperança aos feverosos adeptos benfiquistas, famintos por uma nova conquista... no entanto, essa mesma época seria mais do mesmo, além de ter sido ultrapassado (mais uma vez) pelo Futebol Clube do Porto e pelo sensacional Boavista, os "encarnados" seriam ainda eliminados pelo Vitória de Setúbal, na 5ª eliminatória da Taça de Portugal, fazendo do ano de 1999, num dos piores da história do clube no Século XX. As épocas de 1999/2000 e a de 2000/2001 ficariam marcadas pela clara aposta em jogadore sem qualquer qualidade, por parte da direcção do Benfica, presidenciada por João Vale e Azevedo e pelo novo técnico "benfiquista", o germânico Jupp Heynckes, relegando para o banco de suplentes, alguns dos melhores jogadores do Benfica até à data: João Viera Pinto (dispensado), Karel Poborsky (vendido aos italianos da Lázio de Roma), Calado, Maniche, João Tomás, Bruno Basto e Robert Enke. No entanto, com a saída de Heynckes e com a entrada do estreante e jovem técnico português... José Mourinho, o Benfica voltaria ao sucesso desportivo interno, bem como, às boas exibições no campeonato nacional e, onde jogadores como Calado, João Tomás, Nuno Gomes, Maniche, Bruno Basto, Fernando Meira, Robert Enke, Marchena, Miguel, Pierre Van Hooijdonk e Sabry tomariam um lugar de destaque na ofensiva "encarnada". Contudo, o Benfica acabaria o campeonato no repetitivo terceiro posto da tabela classificativa. Nessa mesma temporada, mais propriamente, no dia 2 de Outubro de 2000, jogava-se em pleno Estádio da Luz, a 6ª jornada da Primeira Liga Portuguesa de Futebol, entre o Benfica e o Sporting de Braga, onde os "encarnados" sairiam para o intervalo a perder por 1-0. Todavia, o encontro não seria recordado pelo resultado em si (2-2), mas pelo que aconteceu entre as bancadas da Luz e... José Calado. O então "capitão" do Benfica, recusaria-se a disputar a segunda parte da partida, devido aos inúmeros insultos e assobios à sua pessoa, cada vez que o jogador em questão tocava no esférico. O motivo em si, seria o de um possível relacionamento homossexual entre Calado e um cantor de uma boysband. Além de um processo disciplinar, seria-lhe retirada a braçadeira de capitão, bem como, o estatuto de indiscutível no onze "encarnado". Com uma posição bastante difícil no futebol português, a sua saída era praticamente inevitável. No Verão de 2001, após seis épocas de águia ao peito, Calado rumaria ao futebol espanhol, nomeadamente ao Bétis de Sevilha, orientado pelo espanhol Juande Ramos. Em Sevilha, Calado reencontraria o seu antigo companheiro no Benfica, João Tomás. A sua primeira temporada com as cores do Bétis, Calado conseguiria ser um dos suplentes mais utilizados pelo técnico dos sevilhanos, no entanto, na época seguinte, o médio português iria perder gradualmente o seu espaço e influência no plantel sevilhano, sendo inclusivé, apontado como um dos possíveis dispensados para a próxima temporada, pelo técnico Víctor Fernandez (Calado havia já defrontado o técnico espanhol, quando o Benfica visitou o Celta de Vigo e, onde seria completamente esmagado, por uns claros 7-0). Em Julho de 2003, ficaria acordado o seu empréstimo ao Poli Ejido, clube das divisões inferiores de Espanha. No Poli Ejido, Calado iria reencontrar o português Carlitos, seu antigo companheiros nos tempos da Luz e Agostinho, uma das grandes promessas do futebol português na década de noventa. No clube da Segunda Divisão B de Espanha, José Calado, antigo "capitão" do Benfica cairia no esquecimento dos adeptos portugueses, ponderando inclusivé, um termino na sua carreira desportiva. Com o intuito de voltar aos relvados (após uma época de paragem, devido à morte do seu pai), Calado rumaria ao campeonato cipriota, nomeadamente ao APOP, clube com maior número de jogadores portugueses (Carlos Marques, Rui Andrade, Paulo Sousa, Tiago Carneiro, Bernardo Vasconcelos e Vargas). Embora tivesse alcançado o sexto lugar do campeonato, a verdade é que, a equipa do APOP não conseguiria o apuramento para os playoffs. Nessa temporada, Calado também ele não conseguiria impor o seu estilo e o seu ritmo, colocando um ponto final na sua relação com a equipa do APOP. Desde Julho de 2008 que José Calado, defende as cores do AEP, também ele a militar na primeira divisão do Chipre, onde actualmente é o "capitão" da formação cipriota. Aos 36 anos de idade, Calado não teve o fim que desejaria ter tido, no entanto, poderá (tal como o fez) acabar como sempre desejou... como capitão. José António Calado foi devido a todo o seu percurso profissional, uma das grandes figuras do desporto nacional, que um dia, os adeptos decidiram colocarem-no no fundo do poço, sem qualquer motivo ou razão para tal. José Calado poderá ter sido esquecido, mas será para sempre recordado, como um dos grandes injustiçados do futebol português.
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