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segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Máquina do Tempo: Vítor Baptista

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Dados Pessoais
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Nome: Vítor Manual Ferreira Baptista
Data de Nascimento: 18 de Outubro de 1948
Data de Falecimento: 1 de Janeiro de 1999
Naturalidade: São Julião, Setúbal, Portugal
Posição: Avançado
Altura: 1.78 cm
Peso: 76 kg
Internacionalizações A: 11 (2)
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Percurso Profissional
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1966-1971 : Vitória Futebol Clube
1971-1978 : Sport Lisboa e Benfica
1978-1979 : Vitória Futebol Clube
1979-1980 : Boavista Futebol Clube
1980-1981 : San Jose Earthquakes
1980-1981 : Amora Futebol Clube
1981-1982 : Clube Desportivo de Montijo
1982-1983 : União Futebol Comércio e Indústria de Tomar
1983-1984 : Monte Caparica Atlético Clube
1984-1986 : Estrelas Faralhão Futebol Clube
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Palmarés
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Taça de Portugal: 1967, 1972
Finalista da Taça de Ribeiro dos Reis: 1967
Finalista da Taça de Portugal: 1968, 1974, 1975
Taça de Ribeiro dos Reis: 1969, 1970
Pequena Taça do Mundo de Clubes: 1970
Campeonato Nacional Português: 1972, 1973, 1975, 1976, 1977
Troféu de Badajoz: 1973
Troféu de Salamanca: 1973
Troféu do Vinho do Porto: 1973
Vice-Campeonato Nacional Português: 1974, 1978
Troféu de Los Angeles: 1975
Troféu de Belo Horizonte: 1975
Troféu de Braga: 1977
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Vítor Baptista
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Como em todos os países, houve enormes estrelas no panorama futebolístico, lendários pelos seus golos, pelos seus passes ou mesmo, pelos seus dribles. Contudo, existiram outros tantos, inscritos para sempre no mundo do futebol, pela sua rebeldia estonteante, como foi os casos de George Best, Eric Cantoná, Diego Maradona e, claro está, o português Vítor Baptista. Nascido em Setúbal, a 18 de Outubro de 1948, a vida do mesmo, não foi nada fácil nos seus inícios. Oriundo de uma família de classe operária e pescatória, Vítor Baptista precocemente, teria que começar os seus primeiros passos no mundo do trabalho arduo, primeiramente enquanto electricista e, mais tarde, como ajudante de merceneiro, com vista a ajudar nas despesas de casa. No entanto, existia dentro de si, uma magia, uma rebeldia prestes a "explodir" dentro das quatro linhas de jogo. Assim o foi. Pelas mãos do mítico José Maria Pedroto, o jovem de apenas 13 anos de idade, começaria a dar nas vistas nos relvados portugueses. Ciente da sua enorme qualidade, tanto Pedroto como a própria direcção do Vitória de Setúbal fariam de tudo, para que o jovem talento permanecesse o máximo tempo possível com as cores sadinas. Com a camisola principal do Vitória, Vítor Baptista espalharia a sua magia por todos os campos nacionais, sendo na altura, o jogador mais cobiçado no mercado português. O Sporting Clube de Portugal, chegaria mesmo a ter um género de pré-acordo com o jogador, mas seria o Benfica que conseguiria os seus serviços, num negócio que ficaria histórico na altura, cedendo inclusivé, uma das suas lendas de sempre... José Torres. No Benfica, o avançado português alcançaria a fama, o dinheiro e os vícios. Os seus momentos de encanto eram cada vez menos frequentes, algo que faria com que o clube da Luz, dispensasse os seus préstimos, sete anos após a sua memorável aquisição. Com a sua dependência para com as drogas cada vez mais acentuada, Vítor Baptista afundár-se-ia num túnel sem "luz" à vista. Regressaria ao clube que o vira nascer, porém, sem o charme de outros tempos. O então recordado "rebelde do sado" representaria ainda equipas como o Boavista, os norte-americanos San Jose Earthquakes e ainda, os "amadores" do Amora, o Montijo, o União de Tomar, o Monte Caparica e por fim... o Estrelas Faralhão, onde praticamente jogaria para comer. Quem o viu jogar, ou mesmo quem alinhou ao seu lado ou, foi seu adversário, não tem dúvidas... foi o melhor que alguma vez se viu dentro de um campo de futebol. Um génio, um artista... uma brisa que rapidamente passou. Vítor Baptista passaria os seus últimos anos de vida, numa completa miséria social, acabando por falecer no dia 1 de Janeiro de 1999, com apenas 50 anos de idade. O seu nome permanecerá para sempre na história do futebol português. Para muitos, devido à sua magia, pela sua técnica. Para outros, graças à sua rebeldia dentro e fora de campo... mas na generalidade... Vítor Baptista será sempre... "o rapaz do brinco".
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Primeiros anos
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Vítor Manuel Ferreira Baptista, nascido no dia 18 de Outubro de 1948, em São Julião, em Setúbal, foi sem dúvida, um dos maiores símbolos da dourada geração de ouro dos anos sessenta e setenta. Certamente, o mais rebelde de todos os grandes nomes que pisaram os palcos nacionais. Filho de um pescador, e vendedor de peixe da lota, na praça de Setúbal, a infância de Vítor Baptista não foi propriamente um conto de fadas. Porém, desde cedo, o jovem "sadino" demonstraria a sua rebeldia fora dos campos. Com apenas dez anos de idade, o ainda precoce Vítor Baptista ganharia os seus primeiros dinheiros, a cumprir recados de prostitutas locais, bem como, apanhando moedas que os "camones" lançavam para a água da nascente. Um eterno "apaixonado" pelo talento de Eusébio, Vítor Baptista começaria a lançar o seu nome para o mundo do futebol, através de um torneio de futebol de salão, com apenas 15 anos de idade. Torneio esse, onde seria eleito o segundo melhor marcador da prova, ficando apenas atrás de um jovem chamado... Quinito. Nessa altura, muitos eram os olheiros que se "estendiam" pelo mundo fora, em busca de um novo Eusébio, Coluna, Torres, Águas... entre outros. Nessa competição, alguns membros da prosperação juvenil do Vitória de Setúbal ficariam completamente estonteados com o talento do jovem Vítor, muito embora, não ficassem convencidos da sua durabilidade no mundo do futebol. Dessa forma, o seu nome não seria um dos escolhidos. Devido a tamanha injustiça, Vítor Baptista insistiria em querer representar um grande de Portugal. Seria dessa forma que Emídio Graça, irmão do lendário "magriço" Jaime Graça, antiga glória do Vitória de Setúbal e Benfica, conseguiria dar mais uma chance ao jovem talento nacional.
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Início da aventura
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Já plenamente integrado nas camadas jovens do Vitória de Setúbal, Vítor Baptista iria aí, adquirir aptidões fora do comum, para um jogador da sua idade. Com apenas 18 anos de idade, o então seleccionador nacional... José Maria Pedroto chamaria-o à selecção nacional de juniores. Seria a sua estreia enquanto internacional. Também no ano de 1967, Vítor Baptista faria a sua estreia com a camisola principal do Vitória, frente à formação do Leixões, num encontro a contar para a Taça de Portugal. Estava assim lançada, mais uma peça na curta e memorável história de Vítor Baptista. Não sendo ainda um jogador profissional, Vítor Baptista seria pago através de refeições grátis na Pensão Vitória. Com o clube do sul, a atravessar uma enorme crise tanto a nível financeira como em termos humanos (talentos), o mesmo, viria no jovem Vítor uma autêntica "mina de ouro", prestes a expandir a nível nacional, sendo inclusivé diariamente referenciado como possível reforços dos dois colossos de Lisboa. Os dirigentes do Vitória, não teriam outra alternativa senão, garantir-lhe um contrato profissional, com um bom encaixe mensal (cerca de dois contos e quinhentos por mês). Devido à sua qualidade técnica, bem como, a sua aptidão no que diz respeito a golos, Vítor Baptista avançaria no terreno de jogo, actuando na posição de avançado. Nessa mesma posição, o jovem talento português, apontaria 33 golos em apenas duas temporadas. Era sem dúvida, o grande momento de Vítor Baptista. O jogador mais cobiçado no mercado português, com o seu passe a ser avaliado em cerca de 6 mil contos (uma autêntica fortuna para a época).
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A nova pérola nacional
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Sendo já uma das grandes certezas do futebol português, o talento de Vítor Baptista era seguido atentamente por diversos clubes de dimensão superior ao Vitória de Setúbal. Contudo, o mesmo não sairia do Bonfim sem um título conquistado: a Taça de Portugal, num encontro vibrante, frente à Académica de Coimbra. Sob o comando do histórico Pedroto, muitos foram os adversários que ficariam plantados no relvado, face aos seus diabólicos dribles. Dado como certo num dos clubes da segunda circular, Vítor Baptista chegaria a comprometer-se verbalmente, com o Sporting Clube de Portugal. No entanto, o nome de Eusébio, Nené, Jordão, Artur Jorge, Toni, José Torres, entre outros chamaria mais alto. Surgem então notícias, referentes a conversações entre Sporting e Vítor Baptista... isso bastaria para que os "encarnados" perdessem completamente a cabeça.
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O rapaz do brinco
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Sem qualquer problema face à gigantesca concorrência directa (Eusébio, Artur Jorge, Nené e Jordão), Vítor Baptista seria apresentado no dia 19 de Julho de 1971, sob o olhar atento da comunicação social, perante a nova jóia da Luz. Todavia, para que o avançado português trajasse de encarnado, o Benfica teria que pagar uma autêntica fortuna, pelos seus serviços: três mil contos, mais os passes de José Torres (uma das lendas vivas do Benfica), Matine e Praia, dois jovens promissores, além de mais 750 contos de luvas, por três temporadas e, um salário mensal de oito contos. Vítor Baptista tinha chegado ao topo do futebol português. E que melhor estreia... senão com um golo, apontado frente ao seu antigo clube... o Vitória de Setúbal. O avançado português era assim... quando queria... marcava. Todavia e, muito embora, o seu futebol fosse alvo de uma enorme controversia (para muitos uma lenda... para outros, mais um bom jogador, com algum talento), a verdade é que Vítor Baptista não aproveitou toda a fama desportiva que um dia lhe caiu em cima. Não aproveitou, o facto de ser considerado, um dos maiores talentos nacionais e uma verdadeira inspiração para os mais novos. Tal como o perfume... com o tempo o encanto acaba por desaparecer. Os números não enganam. Com a camisola principal do Benfica, o avançado português apontaria 62 golos em 150 encontros, a contar para o principal campeonato português, num total de sete épocas. Contudo, Vítor Baptista teria uma despedida digna do seu nome... talento e controversia. No dia 12 de Fevereiro de 1978, frente ao seu eterno rival, o Sporting Clube de Portugal, os "encarnados", necessitavam de uma vitória para que continuassem na luta pelo título (posteriormente conquistado pelo Futebol Clube do Porto). Com a partida empatada a zero e, com a mesma sem grandes ocasiões de golo... a bola chegaria a Vítor Baptista. O esférico chegaria-lhe pelo ar... parou o mesmo de peito, à entrada da grande área e, com um enorme remate... digno dos melhores de sempre, Vítor Baptista daria os pontos da vitória aos "encarnados". Porém, o melhor estaria por acontecer. Sem festejar, o avançado português apercebeu-se da perda de um dos seus brincos. Vítor Baptista nem quis saber de mais nada. Completamente irritado com tamanha perda, "obrigaria" quase todos os intervenientes do jogo, a procurarem milimetricamente o seu brinco. O valor em si, era superior ao prémio de jogo. Sob a risada de todo um estadio, replecto de adeptos benfiquistas e sportinguistas, Vítor Baptista interromperia a partida, durante quase quinze minutos. O brinco nunca mais seria encontrada e, Vítor Baptista não quis saber mais da partida, nem no que estava em causa. Vítor Baptista terminaria assim, a sua ligação ao Benfica, da pior maneira possível... no entanto, deixando um claro estado de nostalgia.
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Da glória à decadência desportiva
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Sempre muito contorverso, Vítor Baptista colocaria os seus técnicos em plenos estados de nervos. Tanto ao serviço do Benfica, como na própria selecção, o avançado português primaria pela sua indisciplina. Mas apesar de tanta confusão interna... o povo adorava Vítor Baptista. Adorva a sua forma de jogar, a sua magia... as suas loucuras. Vítor Baptista vestiria de vermelho durante sete temporadas, conquistando cinco campeonatos nacionais e uma Taça de Portugal. Na sua última época ao serviço dos "encarnados", Vítor Baptista "estalaria todo o verniz" em sua volta, considerando que o melhor futebolista português, merecia ganhar mais, recusando dessa forma, um novo vínculo, caso não cedessem às suas exigências. Assim era Vítor Baptista, sempre ao volante do seu Jaguar 4.2 (uma autêntica relíquia na altura), que custara 150 contos a um milionário. Todavia, Vítor Baptista, apesar da sua incontestação face ao seu (alto) salário, alinharia mais uma temporada ao serviço do Benfica, uma das suas melhores de sempre, bem como, a sua última na grande ribalta futebolística. Afirmando a toda a hora, ser um dos mais mal pagos do plantel e, refilão como ninguém, o avançado português colocaria de parte todos esses defeitos, com a sua magia e classe dentro de campo, conquistando dessa forma, a simpatia dos adeptos e, dos próprios companheiros e adversários. No entanto, Vítor Baptista colocaria o seu nome no topo, afirmando-se o "Maior" de todos. Na época de 1977/1978, o avançado sairia pela porta pequena da Luz, exigindo 650 contos mensais ao clube. O mesmo faria um último esforço, garantindo ao jogador 450 contos mensais, mais um Porsche Carrera. O mesmo recusaria tal proposta, aceitando regressar ao sado, por 100 contos mensais. Já no Boavista, clube pelo qual assinaria contrato em 1979, sob a direcção de Valentim Loureiro, a sua magia não mais voltaria a ser encontrada (a não ser na vitória por 1-2, em pleno Estádio da Luz), entrando inclusivé, em discordia com a direcção na altura. Viajaria então, rumo aos Estados Unidos, onde iria representar o San Jose Earthquakes, ao lado de colossos mundiais como George Best e Johan Neeskens. Após a sua saída do Bessa, Vítor Baptista alinharia por formações de escalões inferiores como o Amora, o Montijo, o União de Tomar, o Monte Caparica e, por fim, nos amadores do Estrelas Faralhão, clube da distrital setubalense, onde praticamente jogava para comer e alimentar o seu vício da droga. A vida de Vítor Baptista passou claramente da ribalta para a fossa social. Sem dinheiro, perdido e sozinho, o antigo jogador acabaria por falecer no dia 1 de Janeiro de 1999, completamente na miséria (esteve inclusivé preso, por tentativa de furto) e esquecido por toda uma sociedade, que em tempos o aplaudia de pé, face à sua magia e irreverência.
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"Fúria espanhola" à portuguesa
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Toda a carreira de Vítor Baptista fora vivida de forma bastante intensa e, com sucessivos casos caricatos, sempre contra ao seu crescimento no mundo do futebol. Para descrever os comportamentos da antiga glória nacional, só referindo alguns dos inúmeros casos que o rodearam toda a sua vida desportiva. Um dia, prenderia um cão ao poste de uma baliza, mesmo antes de mais um dos treinos matinais da formação benfiquista, com companheiros, direcção técnica e alguns apoiantes completamente de boca aberta, face a tamanha atitude. Já ninguém ligava aos seus feitos. Um outro episódio, num encontro de carácter europeu, em Moscovo, Vítor Baptista apareceria em calças de ganga, no aeroporto da Portela, enquanto os restantes colegas "benfiquistas" levavam os respectivos fatos. Pediram-lhe para mudar de roupa, algo que recusaria de pronto. Mesmo assim, lá embarcou junto dos seus companheiros, contudo, recusaria-se a jogar nessa mesma partida, pois queixava-se de constantes dores no peito, enquanto corria. Nessa altura, Vítor Baptista diria ao então técnico benfiquista, Martimore, que apenas jogaria , se o clube da Luz lhe pagasse o ordenado na totalidade, em caso de lesão prolongada. A direcção do Benfica recusaria tal afronta e, Vítor Baptista nem sequer se sentaria no banco de suplentes. Mesmo com tais comportamentos, o jogador livrár-se-ia de uma penosa suspensão, devido à directa intervenção do capitão Toni e de Humberto Coelho, dois dos seus melhores amigos. Antes de se mudar para a Luz, ao serviço do Vitória de Setúbal, Vítor Baptista viveria uma tarde para mais tarde recordar, em pleno Estádio das Antas. No intervalo do encontro, frente ao Futebol Clube do Porto, o técnico sadino, José Maria Pedroto, acenderia um cigarro, com um isqueiro de ouro, o mesmo que Vítor Baptista em tempos cobiçaria. O treinador propôs-lhe então um acordo: marcar dois golos em troca do isqueiro. Vítor Baptista aceitaria o desafio e no final da partida, o mesmo apontaria ... dois golos, sendo que no segundo tento, correria para o banco, reivindicando o seu justo prémio. Outra das grandes referências do comportamento de Vítor Baptista, seria na altura em que se mudaria para o Benfica, permanecendo no entanto em Setúbal. Compraria um Jaguar e, nos primeiros tempos, contrataria um motorista para o conduzir aos treinos. Vítor Baptista ficaria ainda marcado, pelo caso "Chipre": o jogador chegaria atrasado a um dos treinos da selecção nacional. Após uma justificável chamada de atenção, por parte do técnico Juca, Vítor Baptista insultaria o mesmo, chamando de "malucos" os seus companheiros. Nunca mais representaria a principal selecção de Portugal.
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Um verdadeiro ícone
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Vítor Baptista, claramente um autêntico fenómeno no futebol português, primeiramente por alimentar a esperança, de uma estrela de renome mundial, algo que nunca iria confirmar, depois, pela sua afirmação ao mais alto nível competitivo, tanto ao serviço do Vitória de Setúbal como do Benfica, culminada pela sua posterior degradação social, levando-o ao caminho da podridão, da droga e delinquência. Vítor Baptista foi sem dúvida, o "maior", para o bem e para o mal. Vítor Baptista foi campeão, ganhou uma autêntica fortuna no futebol português, alcançou a fama...chegou ao topo. Contudo, sem que se saiba muito bem porquê, como e onde, o mesmo caminharia em passos largos e profundos, em direcção ao inferno, para nunca mais voltar, deixando o seu corpo e mente cheios de vícios e dependências. Todavia, Vítor Baptista será eternamente recordado como "um menino grande", onde para ele, tudo na vida não passaria de uma enorme brincadeira... mais uma partida. Tinha um coração de ouro, fruto de uma enorme inocência ou vítima de uma profunda esquisofrenia. Vítor Baptista, seguramente, o mais controverso jogador do universo benfiquista e nacional. Tal como acontecera com Vítor, também o holandês Drenthe (ao serviço do Real Madrid) passaria por uma situação semelhante, ao que acontecera no mítico Benfica vs. Sporting, onde o avançado português perderia um dos seus brincos, enquanto apontava um dos seus mais recordados golos de sempre. O brinco de Drenthe até poderá ser mais valioso, o Real Madrid mais mediático e, o campeonato espanhol mais competitivo, mas uma coisa é certa, o saudoso Vítor Baptista, é que sabia fazer as coisas em grande... até perder brincos!
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Últimos suspiros de uma carreira quase... brilhante
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O mítico "rapaz do brinco", como ficaria imortalizado, faleceria aos 50 anos de idade, devido a um acidente vascular cerebral. A sua morte, seria confirmada pelo director do Hospital Distrital de Setúbal, pelas 11:20 da manhã, do primeiro de Janeiro de 1999, após ter entrado nas vésperas de Ano Novo, em pleno estado de coma. Vítor Baptista, sem dúvida, um dos jogadores mais polémicos de toda a história do futebol português... talvez pela sua forte personalidade, pela sua rebeldia... seria sepultado no dia seguinte, no cemitério de Algeruz, na sua terra natal, Setúbal. Muitos foram os adeptos da sua magia, que fizeram questão de estarem presentes no seu último adeus. Por ser uma das lendas do futebol português, todos os encontros da primeira divisão, começariam com um minuto de silêncio, em sua nobre homenagem. Vítor Baptista faleceria, dua décadas após a sua saída do Benfica, como um dos melhores de sempre do futebol mundial, com um futuro brilhante pela sua frente, porém, completamente eliminado devido ao excessivo consumo de drogas, um vício que adquiriria no decorrer da sua carreira desportiva. Depois da glória internacional, os seus últimos anos de vida, seriam passados em profunda pobreza, alimentando os seus vícios, através de um trabalho como coveiro, num cemitério de Setúbal, conquistando a fama de marginal, devido às suas inúmeras "corridas" ao mundo do crime, caminhos que fariam com que Vítor Baptista passasse alguns meses na cadeia, onde pelo meio... tentaria sair de tais teis degradantes, contudo... bem amarradas ao seu tecido humano.
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