Tudo o que precisava de saber sobre o mundo do futebol

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

Figura da Semana: Kocsis

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Dados Pessoais
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Nome: Sándor Kocsis Peter
Data de Nascimento: 21 de Setembro de 1929
Data de Falecimento: 22 de Julho de 1979
Naturalidade: Budapeste, Hungria
Posição: Avançado
Altura: 1.77 cm
Peso: 73 kg
Internacionalizações A: 68 (75)
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Clubes
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1943-1944 : Kobanyai Torna Club
1945-1950 : Ferencvárosi Torna Club
1950-1957 : Budapest Honvéd Football Club
1957-1958 : Sportclub Young Fellows Juventus
1958-1962 : Fútbol Club Barcelona
1961-1962 : Valência Club de Fútbol
1962-1965 : Fútbol Club Barcelona
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Técnico Principal
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1972-1974 : Hércules Club de Fútbol
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Palmarés
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Jogos Olímpicos de Helsínquia - Medalha de Ouro: 1952
Campeonato da Europa Central: 1953
Finalista do Campeonato do Mundo de Futebol: 1954
Melhor Marcador do Campeonato do Mundo de Futebol: 1954 (11)
Campeonato Húngaro: 1948, 1952, 1954, 1955
Melhor Marcador do Campeonato Húngaro: 1951 (30), 1952 (36), 1954 (33)
Melhor Marcador Europeu: 1952 (36), 1954 (33)
Campeonato Espanhol: 1959, 1960
Vice-Campeonato Espanhol: 1962, 1964
Taça do Rei: 1959, 1963
Taça das Cidades com Feiras: 1960
Finalista da Taça dos Campeões Europeus: 1961
Troféu Naranja: 1961
Finalista da Taça das Cidades com Feiras: 1962
Equipa de Ouro da Hungria do Século XX: 2000
100 Melhores Jogadores do Século XX para a FIFA: 2000
Segundo Melhor Jogador Húngaro de Todos os Tempos - IFFHS: 2001
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História
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Sándor Kocsis Peter, nascido no dia 21 de Setembro de 1929, em Budapeste, capital da Hungria foi, sem dúvida alguma, um dos avançados mais temíveis, de toda a história do futebol mundial. Filho de um carpinteiro, dos arredores de Budapeste, Kocsis ficou conhecido como o homem que, queria conhecer pássaros, devido à forma como saltava ou voava para a bola. Na sua passagem pela Espanha, seria apelidade de "Pássaro Louco". A sua história é das mais emocionantes da história do futebol. Kocsis começaria a sua carreira desportiva, nos amadores do Kobanyai Torna Club em 1943, com apenas 14 anos de idade. Dois anos depois, já com 16 anos e, depois de ter dado nas vistas, Kocsis ingressaria nas camadas jovens do Ferencváros. Três anos depois, já como uma das referências da equipa, Kocsis conquistaria o Campeonato Nacional de 1948, com apenas 19 anos de idade. Nessa altura, começa a formar-se a grande equipa do Honvéd que, de imediato, vislumbrou nessa jovem promessa, um jogador de enorme futuro. Em 1950, Kocsis incorporaria a equipa do exército, o Honvéd, enquanto cumpria as suas obrigações militares. No onze do exército, bem como, na mágica selecção húngara, Kocsis, alinhando como interior direito, mesmo nas costas de Puskas, tornár-se-ia num dos jogadores mais influentes. Rápido, exímio nas diagonais, surgia em muitas ocasiões, como um verdadeiro ponta-de-lança, no centro da área, cabeceando assim, os cruzamentos precisos de Budai, na direita e Czibor na esquerda. Uma forma de jogar que, na Hungria lhe valeria a alcunha de "Cabeça de Ouro". A sua carreira na Hungria ficaria marcada, pelos cinco títulos conquistados, bem como o prémio de melhor marcador do campeonato, em três consecutivas ocasiões. Em 1952 e em 1954, ele chegaria a ser inclusivé, o melhor marcador de qualquer liga europeia. Em 1956, o Honvéd participaria pela primeira vez, na Taça dos Campeões. Na primeira ronda, eles enfrentariam os espanhóis do Athletic Bilbáo. O Honvéd perderia o encontro em Espanha por 3-2. Porém, antes do encontro em casa, pudesse ser disputado, a Invasão Soviética, teria o seu início em Budapeste. Os jogadores recusavam-se assim, a regressar ao seu país e, combinaram então, com os responsáveis do Bilbáo, para que o segundo jogo se disputasse no Estádio Heysel, em Bruxelas. Apesar do empate a três golos, a equipa do Honvéd seria eliminada por 6-5 (em resultado das duas partidas). A eliminação deixaria a equipa húngara, na iminência de regressar à Hungria. Os jogadores conseguiriam contudo, trazer os seus familiares (a residir em Budapeste) e, apesar da oposição da FIFA e das autoridades do futebol húngaro, os jogadores conseguiriam organizar uma "tour" pela Europa (Itália, Portugal, Espanha e Brasil). Após a conclusão da "viagem europeia", os jogadores separár-se-iam. Alguns, incluíndo Bozsik regressariam à Hungria. Porém, outros como Czibor, Kocsis e Puskas encontrariam colocação na Europa. Embora separados, todos os jogadores continuariam vinculados, graças à Selecção Nacional da Hungria. Após alguma reflexão, Kocsis decidiria partir com a sua família para Berna, onde passaria uma temporada, como jogador-treinador do modesto Young Fellows Zurich. É então que o seu amigo Ladislao Kubala, há seis temporadas no Barcelona, resolve falar deles, aos dirigentes catalães. Diz-lhes então que, Kocsis é só um dos melhores jogadores do mundo. Pouco tempo antes, já os convencera a contratar Czibor. Em 1958, Kocsis ingressa no Barcelona, clube onde facturaria, no dia da sua estreia (4-1), frente à formação do Bétis de Sevilha. Os seus primeiros tempos na Catalunha, foram de difícil adaptação. Passava os dias triste, nostálgico da "sua" Budapeste, onde ficariam todos os seus amigos. Quando começa a falar a sua língua, o bom futebol, torna-se um temível avançado que, iria marcar uma era de ouro no clube catalão, numa equipa que contava com jogadores como Ramallets, Evaristo, Luis Suárez, Kocsis, Czibor e Kubala. Em Barcelona, Kocsis viveria momentos de glória e momentos de imensa frustração. Dos muitos momentos de glória, destaca-se a conquista da Taça das Cidades com Feiras de 1960, frente aos ingleses do Birmingham City Football Club. Conquistaria também, os títulos nacionais de 1959 e 1960, bem como, as duas Taças do Rei, a primeira em 1959, quando o Barcelona ganhou ao Granada por 4-1, numa partida em que Kocsis apontaria dois golos e, a segunda em 1963, ao derrotar na final, o Real Zaragoza por 3-1, partida onde mais uma vez, Kocsis apontaria um dos golos. Do lado frustrante, destaca-se a derrota, na final da Taça dos Campeões, em Berna, frente aos portugueses do Sport Lisboa e Benfica, num palco de cruéis recordações, pois, nesse mesmo palco, a selecção húngara perderia a final do Mundial de 1954, frente à selecção germânica. Todavia, na temporada de 1961-1962, Kocsis ofereceria o seu melhor nível futebolístico, enquanto jogador do Barcelona, apontado 17 golos em 20 encontros. Em 1961, Kocsis chegaria a representar o Valência, como convidado do clube, ajudando-o assim, a conquistar o único troféu de Verão, o Troféu Naranja. Nesse torneio triangular, ele marcaria em ambos os encontros, frente ao Botafogo e o Barcelona. Kocsis faria a sua estreia na Selecção Nacional da Hungria, no dia 6 de Junho de 1948, em Budapeste, frente à formação da Roménia, num encontro a contar para a Taça Balcânica e, onde os húngaros esmagariam o seu adversário por 9-0. Juntamente com Ferenc Puskas, Zoltán Czibor, József Bozsik e Nándor Hidegkuti, ele formaria a lendária equipa que, tornár-se-ia imbatível, durante uns incríveis 32 consecutivos jogos - os famosos "Mágicos Húngaros". Um recorde que ainda hoje perdura. No dia 20 de Novembro de 1949, Kocsis apontaria o seu primeiro hat-trick, ao serviço da selecção húngara, frente à Suécia e, apontaria um outro, no dia 22 de Julho de 1952, frente à Finlândia. Nos Jogos Olímpicos de Helsínquia, em 1952, torneio onde a selecção húngara, conquistaria a medalha de ouro, ao vencer na final a selecção da Jugoslávia por 2-0, Kocsis apontaria um total de seis golos. No dia 19 de Outubro de 1952, ele apontaria o seu terceiro hat-trick, frente à Checoslováquia. A mítica selecção húngara daria ainda, por duas ocasiões, uma enorme lição, de como se deve praticar futebol. Em 1953, a Hungria venceria a selecção inglesa, em pleno Estádio de Wembley por 6-3 e, em 1954, ganhariam em Budapeste por 7-1. No mesmo ano de 1953, a selecção húngara conquistaria também, a Taça da Europa Central. Embora o Campeonato do Mundo de 1954, tenha sido colectivamente desapontante, a nível pessoal, Kocsis alcançaria o estrelato europeu, ao terminar a prova, como o melhor marcador do torneio, com 11 golos apontados, entre os quais, dois hat-tricks. Apenas o francês Just Fontaine conseguiria marcar mais golos, numa fase final, de um Campeonato do Mundo: 12. No jogo de abertura, frente à selecção da Coreia do Sul, Kocsis apontaria o seu primeiro hat-trick, numa partida que acabaria, com a vitória da selecção húngara por 9-0. No jogo seguinte, frente aos poderosos e combativos alemães, orientados por Sepp Herberger, ele adicionaria mais quatro golos, na esmagadora vitória por 8-3. Nos quartos-de-final, a selecção húngara defrontaria a formação brasileira, num encontro vilmente conhecido como a "Batalha de Berna". Kocsis marcaria dois golos, num encontro violento, onde os húngaros venceriam por 4-2. A favorita Hungria chegaria então à final, após terem eliminado os campeões mundiais Uruguai nas semi-finais. Nesse encontro, ambas as equipas iriam para prolongamento, após um 2-2 nos 90 minutos. No prolongamento, o avançado húngaro, entraria em acção, apontando dois golos, dando assim, a vitória à sua equipa por 4-2. Na grande final, os húngaros encontrariam novamente a formação germânica. Numa partida que ficaria conhecida como "Milagre de Berna", Kocsis não marcaria nenhum golo e, os alemães venceriam os favoritos húngaros por 3-2. No total, seria uma derrota injusta, porém, a vitória sorriu para a equipa que, actuou mais com o cérebro e menos com a magia. No dia 24 de Outubro de 1954, Kocsis apontaria o seu sexto hat-trick e, o segundo frente à Checoslováquia. No dia 5 de Novembro de 1955, ele completaria o seu sétimo e último hat-trick, frente à selecção onde tudo começara: a Suécia. Após os 11 golos marcados no Mundial de 1954, Kocsis subiria à categoria de Capitão de Infantaria, devido aos serviços prestados à nação. Quando disputou a sua última partida internacional (68), no dia 14 de Outubro de 1956, em Viena, Kocsis contava já com uns espantosos 75 golos. Em Outubro de 1966, com 37 anos de idade, Kocsis abandonaria os relvados. Naturalizado espanhol, tentaria uma carreira de treinador, no Alicante, porém, sem sucesso. Insatisfeito e sem prazer no futebol fora dos relvados, o antigo avançado húngaro decide abrir um bar-café perto de Nou Camp, a que chamaria de Le Kocsis. O negócio não correria da melhor forma. Depressivo, Kocsis refugia-se na bebida. Pouco tempo depois, recebe a notícia de que, a sua perna esquerda teria sofrido uma trombose. Após vários exames, com diversos médicos, chega a brutal decisão que, o obriga à amputação da sua perna. É o desespero total. Em poucos dias, o seu cabelo fica praticamente todo branco. Ao mesmo tempo, ficaria a saber que, na "sua" Hungria, Bozsik e Lantos tinham falecido e Budai agonizava com um hemorragia cerebral. Kocsis recusava assim, uma prótese e, todos os dias dizia desejar a morte para, ir ao encontro do seu pai e amigos. Esconde-se então, num quarto do Hotel Royal, onde se encontrava com a sua mulher. Deixaria de falar com todos, ignorando qualquer resultado de um jogo, começando posteriormente com delírios. Um dia, completamente sozinho, desloca-se até à janela e, suicida-se, atirando-se do quarto andar. Contudo, a sua morte, seria declarada como acidental. Todos ficariam estupefactos. Recusavam-se a acreditar, ser aquele o fim do futebolista que, no passado os fizera felizes. No dia 22 de Julho de 1979, seria o dia em que o mundo parou para Kocsis. Sendo um homem introvertido e pouco falador, Kocsis foi um avançado de extrema rotação no ataque. Um magnífico finalizador. Forte, enorme no posicionamento e brilhante nas alturas. Para a história, fica a memória do homem que, dizia-se falar com os pássaros. Para a história fica, Kocsis um dos melhores de sempre.
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