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sexta-feira, 15 de maio de 2009

Figura da Semana: Wilkes

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Dados Pessoais
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Nome: Servaas "Faas" Wilkes
Data de Nascimento: 13 de Outubro de 1923
Data de Falecimento: 15 de Julho de 2006
Naturalidade: Roterdão, Holanda
Posição: Avançado
Altura: 1.90 cm
Peso: 74 kg
Internacionalizações A: 38 (34)
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Percurso Profissional
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1940-1949 : Xerxes DZB
1949-1952 : Football Club Internazionale Milano
1952-1953 : Torino Football Club 1906
1953-1956 : Valência Club de Fútbol
1956-1958 : Venlose Voetbal Vereniging Venlo
1958-1959 : Levante Unión Deportiva
1959-1962 : Fortuna Sittard Combinatie
1962-1964 : Xerxes DZB
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Palmarés
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Vice-Campeonato Italiano: 1951
Taça do Rei: 1954
Troféu Concepción Arsenal: 1954
Presença nos Jogos Olímpicos de Londres: 1948
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História
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Servaas "Faas" Wilkes, nascido no dia 13 de Outubro de 1923 em Roterdão foi, uma das primeiras grandes figuras do futebol holandês, bem como, o primeiro "mago" da "laranja mecânica". No seu tempo, não existia ninguém com tal capacidade técnica e velocidade. Nunca foi campeão nacional, bem como, nunca representou a Selecção Nacional da Holanda numa fase final de uma competição internacional. Todavia, o seu nome não deixa de fazer parte, de um lote exclusivo do futebol mundial. Faas Wilkes começaria a dar os seus primeiros passos no mundo do futebol, nas ruas de Roterdão, onde nos finais dos anos 40, o mesmo, era já tido como um dos melhores jogadores do ainda amador futebol holandês. Juntamente com Kees Rijvers e Abe Lenstra, Wilkes formaria o famoso "Gouden Binnentrio" da selecção "laranja". De toda a forma, esse dito "trio de ouro", não disputaria muitas partidas em conjunto, devido ao facto de, o futebol holandês não ser ainda uma modalidade profissional. Dessa forma, a selecção holandesa era composta apenas por atletas amadores e que jogassem no próprio país de origem. Optando pela via profissional, Wilkes rumaria ao futebol italiano em 1949, após nove épocas no modesto Xerxes, tornando-se assim, no quarto jogador holandês (após Gerrit Keizer, Bep Bakhuys e Gerrit Vreken) a jogar fora do seu país. O elegante avançado, na altura, o melhor jogador do futebol holandês que entretanto conquistaria cada vez mais o devido reconhecimento individual, acabaria por ficar afastado da selecção, durante um período de seis anos, regressando apenas posteriormente em 1955, na altura em que representava os espanhóis do Valência. Embora jogasse num campeonato que não o holandês, a Federação Holandesa de Futebol, de uma forma tímida, resolviria desenvolver de uma vez por todas o futebol do seu país, aderindo ao seu profissionalismo em 1954, criando dessa forma, um campeonato de clubes de âmbito profissional, bem como, estabelecendo novas regras na critério de convocação da Selecção da Holanda. Todavia, para Abe Lenstra não haveria qualquer problema, pois nunca sairia do seu país, representando na altura o Heerenveen, contudo, para Wilkes e Rijvers que, entretanto rumara ao Saint-Étienne no ano de 1950, as coisas mudariam de forma radical. No entanto, no caso de Rijvers foi diferente, pois só ao assinar pelo Feyenoord em 1957 é que conseguiu a devida autorização. A última ocasião em que o Inter de Milão havia sido campeão acontecera na temporada de 1939/1940, ainda com o seu antigo nome: "Ambrosiana". O Presidente dos "nerazzurri", Carlos Rinaldo Masseroni, antecessor de Angelo Moratti, estva na altura, disposto a reforçar o seu plantel, tendo em vista o título nacional, através de duas aquisições "mágicas". A primeira seria o franco-húngaro István Nyers em 1948 e o outro, o holandês Faas Wilkes. A forma incrível de como fazia os seus dribles e a abundância de golos apontados por Wilkes, depressa conquistaria os adeptos italianos. Com Nyers, Benito Lorenzi, Luigi Armano e mais tarde Lennart Skoglund (que na altura entraria no lugar de Amedeo Amadei), o holandês constituiria um quinteto de alto requinte ofensivo. Porém, apesar do grande entusiasmo por parte dos adeptos, Wilkes nunca conseguiria conquistar o título nacional, equanto a sua estadia no Inter de Milão, na altura orientado por Giulio Cappelli e posteriormente por Aldo Olivieri. Os milaneses, já com Alfredo Fono no comando técnico conseguiria o tão ambicionado "scudetto", o primeiro após a Segunda Guerra Mundial na já longíqua época de 1952/1953, numa altura em que o "Olandese Volante" já se tinha transferido para a formação do Torino, numa aposta em ajudar na reconstrução do plantel que fora cruelmente arrasado no trágico acidente aéreo de Superga em 1949. Vários problemas no joelho, impediram-no de realizar uma boa passagem pelo clube de Turim. Todavia, numa altura em que se encontrava na plenitude da sua forma, Wilkes viajaria até Valência, para disputar uma partida de homenagem a Antonio Puchades, em Junho de 1953. A forma de como o holandês encarou a partida, foi algo que não se pode relatar em meras palavras... foi preciso ver para crer. O presidente do clube espanhol, prontamente tentaria o seu concurso, algo que viria a confirmar-se dias mais tarde. Todos os elementos do clube "ché" sabiam da sua forma de jogar. Sabiam que não era dos jogadores mais esforçados. Contudo, todos tinham a plena noção de que ele poderia decidir uma partida num pequeno lance individual, devido aos seus magníficos dribles. A sua primeira temporada, no futebol espanhol foi bastante positiva, a modos que se dizia que, com ele em campo, o Valência entraria a ganhar com um golo de vantagem. Wilkes, na altura com 30 anos de idade, apontaria 18 golos no campeonato, ficando apenas atrás das lendas Alfrendo Di Stefano (a sua primeira temporada no Real Madrid) e Lászlo Kubala. Existe uma história que, aliás, envolve os nomes de Wilkes e Kubala. Num encontro entre Barcelona e Valência, Wilkes após ter driblado Biosca e Segarra, apercebeu-se que Kubala iria ao seu encontro, numa forma de o travar. Com a velocidade do costume, o avançado holandês adiantaria a bola, deixando Kubala pregado no relvado. Conformado com a situação, Kubala levantár-se-ia e dirigindo-se a Wilkes, o mesmo reconheceu o talento do holandês, através de uma aperto de mão. Dessa forma, não é difícil perceber, as razões pelas quais Johan Cruyff o tinha como principal referência, durante a sua infância. A magia que Wilkes trouxe ao jogo em si, com mudanças bruscas de velocidade e, com a bola colada ao pé, fintando os seus adversários com simulações de corpo foi algo, que na altura, só poderia ser sensacional, principalmente, para o futebol holandês, pois a partir daí, tudo mudou no estilo característico nas manobras ofensivas. A capacidade de drible era, sem dúvida, o seu ponto mais forte. Antes de regressar ao futebol espanhol, pela segunda vez, Wilkes representaria os holandeses do VVV-Venlo durante duas temporadas. Em 1958, com 35 anos de idade e já na fase final da sua carreira desportiva, Wilkes assinaria pelo espanhóis do Levante, clube onde permaneceria durante uma temporada apenas, antes de rumar definitivamente ao seu país de origem. Após três temporadas no Fortuna, embora sem o sucesso do passado mas com o brilho de sempre, Wilkes terminaria a sua carreira no clube onde tudo começara, no Xerxes, clube onde finalizaria a sua aventura pelos relvados em 1964, com 41 anos de idade. Por todos os locais por onde passou, a sua magia ficaria eterna. Wilkes nunca ganharia um título de campeão nacional, porém, o que importa tal facto, comparado ao de ter deixado um legado imortal no seu país e por ter sido a grande referência de Johan Cruyff. Wilkes faleceria no dia 15 de Julho de 2006, na sua terra natal, aos 82 anos de idade, vítima de problemas cardíacos. Para a história fica, o homem que um dia mudou todo o universo do futebol holandês. Para a história fica, um dos melhores goleadores da história da Selecção Nacional da Holanda (35 golos em 38 encontros). Para a história fica, um dos melhores magos de toda a história do futebol mundial.
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