Tudo o que precisava de saber sobre o mundo do futebol

sexta-feira, 5 de junho de 2009

Figura da Semana: Didi

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Dados Pessoais
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Nome: Waldir Pereira "Didi"
Data de Nascimento: 8 de Outubro de 1929
Data de Falecimento: 12 de Maio de 2001
Naturalidade: Campos dos Goytacazes, Rio de Janeiro, Brasil
Posição: Médio-Centro
Altura: 1.74 cm
Peso: 68 kg
Internacionalizações A: 68 (20)
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Percurso Profissional
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1944-1945 : São Cristóvão de Futebol e Regatas
1945-1946 : Industrial Esporte Clube
1945-1946 : Clube Esportivo Rio Branco
1945-1946 : Goytacaz Futebol Clube
1946-1947 : Americano Futebol Clube
1946-1948 : CAL/Bariri
1948-1949 : Madureira Esporte Clube
1949-1956 : Fluminense Football Club
1956-1959 : Botafogo de Futebol e Regatas
1959-1960 : Real Madrid Club de Fútbol
1960-1962 : Botafogo de Futebol e Regatas
1962-1964 : Club Sporting Cristal
1964-1965 : Botafogo de Futebol e Regatas
1964-1965 : São Paulo Futebol Clube
1964-1965 : Botafogo de Futebol e Regatas
1965-1966 : Club Deportivo Tiburones Rojos de Veracruz
1966-1967 : São Paulo Futebol Clube
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Técnico Principal
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1962-1963 : Club Sporting Cristal
1967-1968 : Club Sporting Cristal
1969-1970 : Selecção Nacional do Perú
1970-1971 : Club Atlético River Plate
1972-1975 : Fenerbahçe Spor Kulubu
1975-1976 : Fluminense Football Club
1977-1978 : Cruzeiro Esporte Clube
1978-1981 : Al-Ahli Sports Club
1981-1982 : Botafogo de Futebole Regatas
1986-1987 : Club Alianza Lima
1989-1990 : Bangu Atlético Clube
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Palmarés
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Campeonato Citadino de Campos de Goytacazes: 1946
Taça Olímpica: 1949
Taça General Manuel A. Odria: 1950
Taça Governo Estado da Bahia: 1951
Taça Eficiência: 1951, 1952, 1953, 1955
Campeonato Carioca: 1951, 1957, 1961, 1962
Taça Rio: 1952
Taça Ramos Pinto: 1952
Taça Cinquentenário do Fluminense: 1952
Taça Lais: 1952
Torneio José de Paula Júnior "Quadrangular de Belo Horizonte": 1952
Jogos Pan-Americanos: 1952, 1956
Presença nos Jogos Olímpicos de Verão de Helsínquia: 1952
Taça das Municipalidades do Paraná: 1953
Finalista do Campeonato Sul-Americano de Futebol: 1953, 1959
Finalista da Copa América: 1953, 1957, 1959
Vice- Campeonato do Torneio Rio-São Paulo: 1954
Presença no Campeonato do Mundo de Futebol: 1954, 1970
Taça Início: 1954, 1956, 1961, 1962
Taça Desafio Flu Versus Uberaba: 1954
Taça Oswaldo Cruz: 1955, 1958, 1961, 1962
Taça O´Higgins: 1955, 1961
Taça Atlântico: 1956
Taça Disciplina: 1956
Taça Presidente Afonsio Dorazio: 1956
3º Lugar na Copa América: 1956
Campeonato do Mundo de Futebol: 1958, 1962
Melhor Jogador do Campeonato do Mundo de Futebol: 1958
Taça Hoteles Astoria: 1958
Taça Embaixador do Brasil: 1958
Troféu Cidade de Saquaresma: 1958
Troféu Ramón de Carranza: 1959
Medalha de Prata nos Jogos Pan-Americanos: 1959
Troféu Cidade do México: 1960
Vice-Campeonato Espanhol: 1960
Finalista da Taça do Rei: 1960
Finalista dos Jogos Pan-Americanos: 1960
Troféu Capitão Válter Paiva: 1961
Torneio Rio-São Paulo: 1962
Torneio Pentagonal do México: 1962
Troféu Alonso Hijos: 1962
Vice-Campeonato Peruano: 1962, 1963, 1967
Troféu Inauguração do Minerão: 1965
Campeonato Peruano: 1968
Taça San Martín de Tours: 1971
Finalista da Super Liga Turca: 1973
Taça do Primeiro Ministro: 1973
Supertaça Turca: 1973, 1975
Super Liga Turca: 1974, 1975
Taça Turca: 1974
Finalista da Supertaça Turca: 1974
Taça do TSYD: 1974
Campeonato Mineiro: 1977
Campeonato Árabe: 1978
Taça do Rei: 1979
Corredor da Fama do Futebol Brasileiro: 2000
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História
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Valdir Pereira, nascido em Campos dos Goytacazes, no Estado do Rio, no dia 8 de Outubro de 1929 foi, sem dúvida, um dos melhores jogadores de todos os tempos, de toda a história do futebol mundial. Com apenas 14 anos de idade Valdir já era "Didi", altura em que sofreria uma grave infecção na perna, facto que praticamente o afastaria do seu espantoso destino. O seu pai, Artur Oscar, antigo jogador do Goytacaz, lamentaria tal situação, pois sonhara para ele o que o mesmo não tivera no passado: um futuro no futebol. Contudo, em 1944, completamente recuperado da lesão, Artur inscreveria Didi nos juvenis do São Cristóvão. Porém, sem qualquer ligação e sentimento pelo clube do Estádio Figueira de Melo, Didi voltaria a Campos em 1945, para representar o Industrial e o Rio Branco, tal como, o Goytacaz e o Americano. Neste último, Didi tornár-se-ia profissional de futebol em 1946. Nesse mesmo ano, Didi mudár-se-ia para o Leçoense, clube do interior de São Paulo. Dois anos mais tarde, em 1948, Didi representaria as cores do Madureira (no final dessa temporada, em 1949, Didi estaria recém-casado com Maria Luíza e à espera do seu primeiro filho Adilson) antes de se transferir para o Fluminense, clube onde se afirmaria enquanto "vedeta" do futebol brasileiro, "fabricando" exibições de deixar tudo e tudo de boca aberta. O seu talento era de tal maneira imenso que, em 1950, na inauguração do Estádio do Maracanã, o médio criativo Didi, apontaria o primeiro golo da história do estádio brasileiro, ao serviço da Selecção Carioca, numa partida que seria vencida pelos paulistas por 3-1. Nesse mesmo ano, Didi conheceria a actriz Guiomar Batista, mulher com quem passaria a viver. Diz-se mesmo que, devido a esse facto, ela fora a musa de Ary Barroso (compositor de Aquarela do Brasil) no samba-canção Risque, sucesso da música popular brasileira. Um ano volvido e Didi estaria a festejar, a conquista do campeonato carioca. Em 1952, Didi conquistaria com as cores do Fluminense, a Taça Rio, conseguindo dessa forma, um lugar entre os titulares no Pan-Americano no Chile, o primeiro troféu do jogador brasileiro, conquistado fora de território brasileiro. Nessa altura, devido ao seu estilo clássico, elegância, criatividade e liderança, Didi era o mais que provavel sucessor de Zizinho, um dos melhores de todos os tempos. No Sul-Americano de 1953, Didi disputaria cinco das sete partidas, ao lado de "estrelas" como Barbosa, Zizi, Danilo, Ademir, Nílton Santos, Julinho e Gilmar. Mesmo estando sob a sombra do grande "Mestre Ziza", o jogador do Fluminense seria um dos eleitos, para representar a selecção canarinha no Campeonato do Mundo de 1954 na Suíça. O insucesso da selecção brasileira nesse mesmo torneio, somou-se a ignorância dos "cartolas", mais atentos aos desaires amorosos de Didi do que às regras da disputa. Contudo, Didi faria nome na Europa, devido aos seus fantásticos dribles e passes milimétricos. Na altura, enquanto o então Presidente da República, Getúlio Vargas, acusado pelo partido de direita, cometia suicídio, Didi ou melhor Valdir Pereira era distinguido como "Príncipe Etíope", devido a toda a sua elegância, dentro e fora dos relvados. Todavia, no Fluminense, o jogador era visto como uma pessoa desleixado, facto que mexeria com o íntimo do médio brasileiro. Em Outubro de 1956, Didi seria então vendido ao Botafogo. Porém, meses antes dessa mesma transferência, frente ao América do Rio, o lesionado médio criativo, apontaria uma falta, rematando no meio da bola, com apenas três dedos, numa forma de não magoar ainda mais o seu pé. A bola subiria...transpôs a barreira e... de um momento para o outro, a mesma cairia na linha de golo, traindo dessa forma o espantado guarda-redes adversário. Estava assim criada a "folha seca", ou como se designa nos dias actuais: a famosa trivela. O seu primeiro ano com a caores alvinegras, Didi foi um autêntico fenômeno, tal como na selecção brasileira, onde nas eliminatórias para o Campeonato do Mundo de 1958, frente à formação do Perú, ele apontaria mais um dos seus lendários golos de "folha seca", qualificando assim, o Brasil para o Mundial da Suécia. Também no Botafogo, Didi seria campeão em 1957, bem como, conquistaria a Taça Oswaldo Cruz em 1955 e 1957 e a Taça O´Higgins em 1955, ambas alcançadas ao serviço da "canarinha". Todavia, o grande momento de Didi, aconteceria no Campeonato do Mundo de 1958: conquistando a competição e eleito o melhor jogador da prova. Para qualquer jogador isso seria o máximo a atingir. No entanto, jogar ao lado de astros como Pelé, Garrincha, Nílton Santos, Skoglund, Nestor Rossi, Yashin, Kopa, entre muitos outros lendários jogadores seria o quê? Dando provas desse imenso valor, o cognome de Didi em território francês era uma prova, do seu real valor individual: "Monsieur Football". Desde o Mundial da Suécia que os espanhóis do Real Madrid, clube que na altura tinha ao seu dispor jogadores como Alfredo Di Stefano, Ferenc Puskás e Gento, estava sob o olhar do Presidente Santiago Bernabéu e, em Julho de 1959, Didi de 29 anos de idade, trocaria o Botafogo pelo colosso espanhol. Contudo, a sua vida em Espanha foi tudo menos um mar de rosas. O internacional brasileiro esteve irreconhecível, tendo sido dessa forma, uma das grandes decepções daquele ano futebolístico. Declarado como um jogador lento, Didi teria ainda, segundo se consta, diversas discussões com Di Stefano, durante a sua estadia em Espanha, porém, sem qualquer fundamente à partida. Didi apenas não conseguiu adaptar-se ao futebol espanhol. No final de 1960, cansado de ser utilizado como reserva (situação idêntica à de Leônidas da Silva, nos uruguaios do Peñarol), Didi resolveria regressar ao futebol brasileiro, bem como, ao Botafogo, clube onde se sagraria bicampeão carioca em 1961 e 1962. Sem que uma pessoa se apercebesse e, Didi já tinha em suas mãos um novo Campeonato do Mundo, o de 1962, onde se tornaria bicampeão mundial de selecções. Nessa altura, Didi de 32 anos de idade, dividiria o troféu de melhor jogador da prova com o checo Masopust. Nesse mesmo ano, Didi tentaria a sua primeira tentativa enquanto técnico principal, nos peruanos do Sporting Cristal e onde se sagraria campeão nacional. No temporada seguinte, também em Lima, Didi sentiria vontade de jogar novamente e com as cores do "seu" Botafogo, clube onde em 1964 saiu para alinhar durante três meses na formação do São Paulo. De regresso à equipa alvinegra, Didi "passearia" no México, ficando por lá tanto como jogador, como técnico do Veracruz, clube onde realizaria os campeonatos de 1965 e 1966. No final desse último ano, Didi ainda alinharia com a camisola do São Paulo (pela segunda vez), clube onde em 1967, terminaria por completo a sua carreira futebolística, deixando pelo caminho um rasto de glórias, golos e saudades. No total, ao serviço da Selecção Brasileira de Futebol, o "mágico" Valdir disputaria 74 partidas, tendo facturado por 21 ocasiões (alguns deles de "folha seca"). Após dar por concluída a sua carreira de jogador, Didi passaria a ser técnico a tempo inteiro, comandando pela segunda vez o Sporting Cristal, posição que lhe daria critérios para orientar a Selecção Nacional do Perú, na altura a disputar as eliminatórias para a fase final do Campeonato do Mundo de 1970. A verdade é que, tirando a Argentina, Didi conseguiria qualificar o Perú para o Mundial do México. Já dentro da competição, o antigo astro brasileiro apenas diria aos seus jogadores: "Façam o que eu digo, não queiram fazer o que fiz" e, dessa forma tornár-se-ia herói nacional no Perú. Após uma excelente campanha no Mundial, Didi seria apresentado como o novo técnico principal do River Plate em 1971, clube onde se sagraria campeão. Didi também passaria por diversas equipas do Kuwait, Turquia e Arábia Saudita. Em 1975, Didi assumiria o comando técnico do Fluminense, clube que na altura era apelidada por "máquina" devido à sua enorme facilidade em marcar golos e, que contava na altura com jogadores como Rivelino, Paulo César e o gringo Dorval, todos eles campeões do Rio. Didi orientaria ainda o Cruzeiro, campeão mineiro em 1977, o Botafogo e o Bangu. Em 1984, após ter sido operado à coluna vertebral, aos 55 anos de idade, Didi afastaria-se totalmente do mundo do futebol. Em 2000, numa forma de agradecer todo o seu contributo ao futebol, a FIFA resolveria elege-lo para o "Corredor da Fama". No dia 12 de Maio de 2001, devido a diversas complicações de doença prolongada, Didi faleceria num hospital do Rio. No dia seguinte à sua morte, antes de se iniciarem as partidas, várias equipas, de diversos países (incluíndo o Real Madrid), fariam um minuto de silêncio em memória do jogador e homem que fora no passado. Trinta e sete dias depois, a sua eterna esposa, Guiomar faleceria no mesmo hospital, rodeada de filhas, netos e recordações. Para a história fica, um dos maiores nomes do futebol mundial. Para a história fica, o homem que um dia foi melhor que o "Rei". Para a história fica, Valdir Pereira... ou simplesmente Didi.
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