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sábado, 3 de janeiro de 2009

Figura da Semana: Meazza

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Dados Pessoais
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Nome: Giuseppe "Peppino" Meazza
Data de Nascimento: 23 de Agosto de 1910
Data de Falecimento: 21 de Agosto de 1979
Naturalidade: Porta Vittoria, Milão, Itália
Posição: Médio-Ofensivo / Avançado
Altura: 1.69 cm
Peso: 73 kg
Internacionalizações A: 53 (33)
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Clubes
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1927-1940 : Football Club Internazionale Milano
1940-1942 : Associazione Calcio Milan
1942-1943 : Juventus Football Club
1943-1944 : Associazione Sportiva Varese 1910
1945-1946 : Atalanta Bergamasca Calcio
1946-1947 : Football Club Internazionale Milano
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Palmarés
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Campeonato Italiano: 1930, 1938, 1940;
Taça de Itália: 1939;
Campeonato do Mundo de Futebol: 1934, 1938;
Vice-Campeão Italiano: 1933, 1934, 1935;
Finalista da Taça de Itália: 1942;
Finalista da Taça Mitropa: 1933;
Taça Dr. Gero: 1930, 1935;
Melhor Marcador do Campeonato Italiano: 1929 (38), 1930 (31), 1936 (25), 1938 (20);
Melhor Marcador da Taça Mitropa: 1930 (7); 1933 (5); 1936 (10)
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História
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Giuseppe "Peppino" Meazza, também conhecido como "Balilla", "Peppin" ou mesmo "Pepp", foi um dos maiores nomes de toda a história do futebol mundial, nomeadamente do Inter de Milão, clube onde faria 243 golos em 361 jogos. Ele ainda é considerado por muitos, como um dos melhores, senão o melhor jogador italiano de todos os tempos, bem como o melhor avançado italiano de sempre. Ele começaria a sua carreira como avançado, porém, devido à sua enorme qualidade técnica, Meazza com o decorrer dos anos, passaria para funções mais cerebrais. Ele foi um grande líder, com uma excelente capacidade técnica e, apesar da sua baixa estatura, excepcional no jogo de cabeça. A sua alcunha "Il Balilla", seria adquirida em 1927, pelas mãos do companheiro Leopoldo Conti, jogador que, pensava que Meazza, com apenas 17 anos de idade, era demasiado jovem para jogar na equipa principal. Conti que ficaria surpreso após o técnico Arpad Weisz o colocar no seu lugar, fazendo dessa forma a sua estreia na equipa principal do Inter de Milão. Nessa partida, Meazza apontaria dois golos, na vitória por 6-2, frente à Milanese Unione Sportiva, numa partida a contar para a Taça Volta di Como. Meazza deixaria o velho "Poldo" Conti sem palavras. A "Gazzetta dello Sport", no dia seguinte à sua estreia na Série A, no dia 12 de Setembro de 1927, elogiaria a sua exibição como "inteligente, fresca, rápida", algo que não era muito habitual naquela época. Nascido em Porta Vittoria, nos arredores de Milão, Meazza perderia o seu pai, com apenas sete anos de idade, durante a trágica I Guerra Mundial. O jovem "Pepp" cresceria então nas ruas milanesas, com a companhia da sua mãe. Ajudando-a no mercado a vender fruta, Meazza tinha apenas uma paixão, o futebol. Contudo, a sua mãe esconderia os seus sapatos, para que este não perdesse tempo em algo não compreendido pela mesma. Dessa forma, o jovem "Pepp" aprenderia a jogar descalço. Ele começaria a dar os seus primeiros passos no futebol, com apenas seis anos de idade, numa equipa de rua chamada "Maestri Campionesi". Aos 12 anos de idade, ele finalmente conseguiria a autorização da mãe, tendo começado a jogar então pelo Gloria F.C. Meazza foi o primeiro futebolista italiano, a alcançar a fama a nível mundial, bem como, o primeiro a adquirir patrocinadores. Ele adorava o seu cabriolet, champanhe e mulheres. Meazza ficaria famoso, pelas humilhações aplicadas aos melhores defesas da época, bem como em dormir em bordeis, nas noites anteriores aos jogos. Ele que não saía da sua cama, antes dos seus companheiros terminarem o treino matinal. Ele adorava igualmente o Tango, usando-o como uma forma de treino, tornando-o imprevisível dentro das quatro linhas. Ele foi sem dúvida, um extraordiário driblador que, apesar da sua velocidade, nunca tinha um único fio de cabelo fora do lugar e, apesar de não ser alto, era memorável nas alturas. Meazza criava várias oportunidades de golo para os seus companheiros, tendo concretizado muitas delas inclusivé. Golos como "a foglia morta", a "técnica da folha morta" eram igualmente temíveis para os guarda-redes adversários. Ele era um passador brilhante, com ambos os pés, com uma capacidade extraordinária de ler o jogo, bem como uma capacidade técnica de driblar qualquer adversário. A sua imagem de marca, relativamente a golos, era quando, ele recolhia a bola na linha lateral, driblando vários adversários pelo caminho, antes de chegar à área de golo, área essa onde ele, parava completamente o jogo, fazendo com que o guarda-redes adversário fosse ao encontro da bola. Nessa altura, ele driblaria o guarda-redes, rematando posteriormente para golo. Nos jogos fora, muitas vezes, os adversários recorriam à falta para que não saíssem de campo humilhados. Meazza uma vez dissera que: "não existe nada pior do que a defesa de uma grande penalidade, por um guarda-redes que não entendeu a farsa". Vittorio Pozzo, o grande mestre que, levaria a selecção italiana à conquista de dois campeonatos do mundo de futebol, escreveria sobre ele: "Ele nascera avançado. Ele analisa o jogo, compreende a situação, distribui cuidadosamente a bola e faz com que a equipa funcione a nível ofensivo". Gianni Brera chamava-lhe "Il Folber", e ao seu estilo de jogar de "Fasso-tuto-mi", pois ele considerava-o o mais completo médio-centro, bem como um acrobata genial. Durante o Campeonato do Mundo de 1958, disputado na Suécia, com o decorrer da final entre a selecção da casa e a do Brasil, após um dos comentadores afirmar que nunca ninguém tinha visto jogar antes, um jogador como Pelé. Franco Rossi começaria então a gritar que, não era verdade, dizendo que Meazza fora melhor. Com apenas 13 anos de idade, Meazza admirador do AC Milan, contudo, rejeitado pelo mesmo, devido à sua fraca estrutura física, seria, todavia, recebido de braços abertos pelo rival Inter de Milão, após ter sido observado por um olheiro do clube. No começo, ele seria usado para tapar a linha defensiva, porém, e por sorte, o então técnico dos júniores, corrigiria o seu erro, destacando-o para funções mais ofensivas. Meazza que ainda hoje, detém o recorde de maior número de golos marcados, numa época de estreia da Série A, com 31 tentos na sua primeira época (1929-1930). Um ano antes, quando a Série A ainda não existia e, o campeonato italiano era composto por duas ligas (norte e centro-sul), Meazza disputaria 29 partidas, tendo apontado 38 golos, com apenas 18 anos de idade. Ele marcaria cinco golos numa só partida, por duas vezes numa só época. No dia 12 de Maio de 1929, ele apontaria seis golos, frente ao Venezia, numa partida que, terminaria com a vitória do Inter de Milão por 10-2. No dia 27 de Abril de 1930, o Inter de Milão jogaria pela primeira vez com o AS Roma em Milão. O clube milanês venceria a partida por 6-0, tendo Meazza apontado quatro deles. Com Meazza a liderar a equipa de Milão, o Inter conquistaria três campeonatos italianos, bem como, a conquista da primeira Taça de Itália da história do clube. Meazza seria ainda, o melhor marcador da Série A por três ocasiões, bem como da Taça Mitropa por igual número. Durante a temporada de 1933, Meazza faria uma aposta com Giampiero Combi, guarda-redes da Juventus e capitão da selecção italiana campeã do mundo em 1934. Combi desafiaria Meazza, afirmando que ninguém, nem mesmo ele, conseguiria fazê-lo sair da baliza, ao encontro da bola. Meazza aceitaria o desafio. Combi faria ainda uma outra aposta com Meazza. Umas semanas antes, enquanto treinava ao serviço da selecção italiana, Meazza apontaria um golo espectacular de pontapé-de-bicicleta. Combi diria então que, Meazza não conseguiria repetir o feito, em competições oficiais. No jogo seguinte entre Inter e Juventus, disputado na Arena Civica de Milão, no dia 25 de Maio de 1933, Meazza apontaria dois golos de grande efeito. O primeiro idêntico ao que fizera no treino da selecção e, o segundo, após uma sucessão de dribles, nomeadamente ao argentino Luís Monti, outro campeão do mundo em 1934, Meazza conseguiria iludir Combi, rematando de seguida para golo. Combi levantár-se-ia de imediato do chão para, apertar a mão de Meazza. Em 1937, durante o jogo entre Inter e Juventus e, a faltar apenas uma hora para o início do encontro, Meazza ainda não tinha dado qualquer sinal de vida. Os directores começariam a entrar em pânico, tendo enviado um massagista e um dos técnicos ao seu encontro. Eles iriam encontrá-lo na sua cama, a dormir profundamente. Sem lavar a cara, eles arrastariam-no à pressa para o estádio. Enquanto estava deitado, no banco de trãs do carro, Meazza diria-lhes que após uma noite inteira de amor, ele sentira-se um leão. O "leão" Meazza, entraria nos baldenários, sem qualquer aquecimento ou indicações, tendo-lhe sido entregue à pressa a sua camisola, com o número nove nas costas. Ele marcaria dois golos nesse encontro, tendo sido inclusivé, o melhor em campo. O Inter venceria o encontro por 2-1, batendo a Juventus na luta pelo "scudetto" por dois pontos. Quando o Inter de Milão bateu o Bari na temporada de 1937-1938, Meazza apontaria cinco golos, na esmagadora vitória por 9-2. Na semana seguinte, ele faria um hat-trick frente ao Lucchese. O guarda-redes Gaviorno, do Novara afirmara uma vez, após a derrota por 8-0, obtida pelo Inter de Milão que: "Ele não é um avançado-centro, este Meazza é um demónio". Uma grave lesão faria com que, Meazza ficasse de fora de grande parte, da temporada de 1938-1939 e, após ter dedicado grande parte da sua carreira ao Inter de Milão, Meazza assinaria contrato com o AC Milan, no dia 28 de Novembro de 1940. Em mais de um século de rivalidade, Meazza foi o único jogador que, quase conseguia a ruptura total entre ambos os clubes de Milão. No dia 9 de Fevereiro de 1941, antes do derby de Milão, Meazza choraria nos baldenários, tendo posteriormente apontado o 2-2 final. Ele vestiria a camisola vermelha e negra por duas temporadas. Mais tarde, Meazza passaria ainda por clubes como a Juventus, o AS Varese 1910 e o Atalanta Bergamo. Em 1946, Meazza regressaria ao Inter de Milão, com o estatuto de treinador-jogador, tendo como missão, a permanência na Série A. Giuseppe Meazza jogaria pela selecção nacional de Itália nos campeonatos do Mundo de 1934 e de 1938, ambos ganhos pela mesma. À parte de ter jogado e capitaneado a primeira equipa a vencer um Mundial que não a anfitriã em 1938, Meazza a par de Giovanni Ferrari, Guido Masetti e Eraldo Monzeglio, detêm o recorde, de serem os únicos a vencerem dois campeonatos do mundo consecutivos. A sua estreia na "squadra azzurri" aconteceria em Roma, no dia 9 de Fevereiro de 1930, frente à selecção da Suíça. Com apenas 19 anos de idade, Meazza apontaria dois golos, nesse mesmo encontro, ajudando a sua equipa a vencer a partida por 4-2, após ter estado em desvantagem por 2-0, em apenas 19 minutos. No jogo seguinte, disputado no dia 2 de Março de 1930, frente à poderosa selecção germânica, em Frankfurt, Meazza apontaria um dos dois golos, com que a selecção italiana venceria o encontro. Uns meses mais tarde, no dia 11 de Maio de 1930, ele faria um hat-trick, na vitória por 5-0, frente à selecção da Hungria. Nesse mesmo ano, Meazza ajudaria a selecção italiana a conquistar a Taça Dr. Gero. No dia 25 de Janeiro de 1931, Meazza apontaria mais três golos dos cinco marcados, à selecção francesa. Em 53 jogos pela selecção nacional de Itália, Giuseppe Meazza perderia apenas por seis ocasiões, tendo marcado inclusivé 33 golos, a melhor marca de sempre de toda a história da selecção nacional italiana. Um grande jogador, talvez o melhor de todos. O seu nome, sem dúvida alguma que ficará ao lado de "monstros sagrados" como Pelé, Maradona, Beckenbauer, Bobby Charlton, entre muitos outros. Para a história fica o homem que, um dia marcaria uma grande penalidade, segurando nos calções para não caírem ao chão. Para a história fica Giuseppe Meazza, o pequeno génio de Milão.
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